Autoridades ucranianas relataram que a Rússia desencadeou uma intensa ofensiva, disparando 67 mísseis e 194 drones em uma única noite. Este ataque marca a primeira grande ofensiva desde que os Estados Unidos cortaram o compartilhamento de inteligência com a Ucrânia, uma medida que se intensificou as tensões na região. O objetivo parece ser aumentar a pressão sobre Kiev em um momento crítico, enquanto o presidente americano, Donald Trump, busca uma resolução rápida para o conflito.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, está tentando garantir o apoio internacional diante da nova realidade política. Ele solicitou uma trégua que abranja o espaço aéreo e o mar, excluindo tropas terrestres, uma proposta que foi inicialmente sugerida pela França. Em resposta ao ataque, Zelensky afirmou no aplicativo de mensagens Telegram: “Os primeiros passos para estabelecer uma paz real devem ser forçar a única fonte desta guerra, a Rússia, a parar tais ataques.”
De acordo com a Força Aérea ucraniana, na ofensiva, a Rússia lançou uma salve de 67 mísseis, dos quais 34 foram interceptados, assim como 100 dos drones. Cidades ucranianas de Kharkiv a Ternopil foram afetadas, resultando em danos à infraestrutura de energia e gás. Oito cidadãos ficaram feridos em Kharkiv, enquanto em Poltava, mais duas pessoas, incluindo uma criança, também ficaram feridas. O Ministro da Energia, German Galuschenko, condemnou a ação russa como uma continuação de seu 'terror energético', relatando danos significativos à infraestrutura de energia em várias regiões do país.
A intensificação do ataque não ocorre isoladamente. As relações entre a Ucrânia e os EUA, um de seus principais aliados, sofreram uma crise acentuada após uma troca tensa entre Zelensky e Trump. Durante uma reunião no Salão Oval, Trump descreveu Zelensky como um obstáculo para alcançar a paz na Ucrânia. Na tentativa de remediar a situação, Zelensky manifestou na terça-feira (4) que está disposto a negociar rapidamente, apesar das dificuldades nas relações diplomáticas. Ele descreveu a maneira como as coisas foram tratadas em Washington como 'lamentável'. Em um sinal de reaproximação, anunciou uma viagem à Arábia Saudita na segunda-feira (10) para se reunir com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed Bin Salman, antes de se encontrar com representantes do governo dos EUA.
O enviado especial de Trump, Steve Witkoff, que já teve discussões com autoridades russas, confirmou que mantém diálogos com a Ucrânia em busca de um acordo de paz. Zelensky enfatizou em sua comunicação no Telegram: “A Ucrânia está pronta para seguir o caminho para a paz, e é a Ucrânia que luta pela paz desde o primeiro segundo desta guerra. A tarefa é forçar a Rússia a parar a guerra.”
No entanto, persiste a incerteza se os EUA e a Ucrânia conseguem alinhar suas visões divergentes para acabar com o conflito. Enquanto Kiev zela por garantias robustas de segurança, os Estados Unidos hesitam em se comprometer, sugerindo uma alternativa focada em um possível acordo crítico sobre minerais que, segundo Trump, seria suficiente. No campo de batalha, a situação é complexa, com a Ucrânia estando em desvantagem numérica e as forças russas avançando firmemente na região oriental de Donetsk, pressionando as tropas ucranianas em Kursk.
A Rússia tem atacado sistematicamente o setor energético da Ucrânia desde o início da guerra, resultando na perda de cerca da metade da capacidade de geração de eletricidade do país e na necessidade de apagões em períodos variados. Recentemente, a Rússia intensificou os ataques a infraestruturas de gás natural, indispensável para o aquecimento e para o funcionamento de indústrias. A empresa estatal de energia Naftogaz informou que instalações de gás foram danificadas, mas felizmente não houve vítimas. Por outro lado, a DTEK, a maior empresa privada de energia da Ucrânia, suspendeu operações em suas instalações na região central de Poltava devido aos danos substanciais sofridos no ataque de sexta-feira. Especialistas militares alertam que a pausa na ajuda militar e de inteligência dos EUA pode comprometer as defesas aéreas da Ucrânia, que já enfrenta escassez de mísseis avançados e dificuldades para monitorar efetivamente os ataques.