A série Friends, um marco da televisão dos anos 90, agora volta à tona em discussões sobre comportamentos problemáticos que ocorreram durante suas filmagens. Stephen Park, que teve uma participação em alguns episódios da segunda e terceira temporada, compartilhou suas experiências dolorosas no podcast Pod Meets World, trazendo à superfície uma realidade que muitos prefeririam esquecer.
Segundo Park, a atmosfera no set não era tão descontraída quanto muitos imaginaram. Um incidente específico marcou sua memória: o assistente de direção fez uma referência depreciativa a seu colega de elenco, James Hong. Em suas palavras, ele recorda: “Na época, senti que era um ambiente bastante tóxico. James Hong era o ator que também estava no episódio comigo, e [o assistente de direção] estava chamando ele para o set e, basicamente, dizia: 'Onde diabos está o oriental? Que venha o oriental'.”
Esse tipo de comportamento não era uma exceção, mas uma norma nos bastidores de Hollywood nos anos 90. Park afirmou que, naquela época, tais comentários racistas eram comuns e nenhum dos colegas se sentiu à vontade para confrontá-los. Para ele, “Era apenas uma rotina.”
Após o ocorrido, Park sentiu a necessidade de levantar sua voz e tentou contato com o sindicato dos atores em busca de apoio. Porém, sua solicitação foi recebida de forma insatisfatória. O representante sugeriu que ele escrevesse um texto para o L.A. Times, o que Park fez. No entanto, apesar de seu esforço, o artigo acabou sendo engavetado e nunca publicado.
Diante dessa frustração, ele decidiu compartilhar suas reflexões diretamente por meio de e-mails, um ato que, como ele conta, “se tornou viral antes mesmo de existir a palavra 'viral'”. Sua indignação o fez repensar sua carreira e, eventualmente, decidir interromper suas atividades como ator. “Eu não via liberdade. Simplesmente não sentia que poderia atuar.”
Apesar desse período desafiador, Park reergueu sua carreira e, atualmente, seu mais recente trabalho é no filme Mickey 17, dirigido por Bong Joon-ho. Com o passar do tempo, as normas sociais mudaram, e comentários depreciativos como “o oriental” não são mais aceitos no ambiente de trabalho atual.
Este relato não apenas destaca comportamentos inaceitáveis do passado, mas também reflete a necessidade de diálogo contínuo sobre racismo e respeito nas diversas esferas da cultura. Como a sociedade evolui, esperamos que incidentes como este não se repitam e que vozes como a de Park inspirem mudanças significativas.
Texto traduzido e adaptado do site parceiro Espinof.