O governo interino da Síria enfrenta sérias acusações de executar civis e perpetuar uma onda de violência sem precedentes desde a deposição do ex-presidente Bashar al-Assad. Testemunhas e vídeos documentam abusos cometidos por forças leais ao novo regime, que afirma estar em uma missão de 'purificação' contra os remanescentes do antigo governo.
A crise se intensificou após uma série de ataques ocorridos em terras de comunidades alauítas, designadas como foco de repressão a insurgentes que ainda apoiam Assad. Segundo a Rede Síria pelos Direitos Humanos (SNHR), pelo menos 642 pessoas perderam a vida desde o início da violência, com muitos civis entre as vítimas.
O presidente interino, Ahmad al-Sharaa, responsabilizou os remanescentes de Assad pelo descontrole e afirmou que seu governo não tolerará tais ações. Ele enfatizou a importância de uma resposta rápida, ordenando a formação de comitês para investigar as ocorrências e se engajar com as comunidades afetadas.
Durante uma entrevista, um morador da cidade de Latakia, que preferiu não se identificar devido ao clima de medo, relatou: “Eles declararam jihad contra nós. Homens armados atacam de porta em porta, como se fosse um entretenimento”. Outra testemunha, chamada Bashir, compartilhou sua angústia ao narrar a morte de parentes em casa. “Meu tio de 70 anos e sua esposa foram brutalmente assassinados”, disse ele, ressaltando o terror que domina a cidade.
A insegurança se agrava, com relatos de ataques e emboscadas por parte de leais a Assad, o que levou a um deslocamento maciço da população. Rasha Sadeq, moradora de Homs, também se lembrou de ter recebido a trágica notícia da morte de familiares, que não tinham envolvimento político. "Minha mãe e meus irmãos foram assassinados", lamentou.
Os alauítas, que compõem cerca de 10% da população síria e foram históricos aliados do regime de Assad, enfrentam agora uma nova realidade sob a administração interina. Apesar de algumas entregas de armas, muitos ainda se mostram resistentes, e o governo atual luta contra insurgências e a instabilidade.
Os ataques se intensificaram após um suposto massacre cometido por leais a Assad contra membros do Hayat Tahrir al-Sham, um grupo rebelde ativista. O governo sírio divulgou que já perdeu ao menos 150 de suas forças de segurança desde o início dos confrontos, além de 300 sendo capturados.
As redes sociais têm se tornado um veículo para que a brutalidade repleta de horror se espalhe, com vídeos de execuções e ameaças a alauítas. Um narrador de um dos vídeos, aparentemente gravado por membros armados, diz: “É uma batalha pela purificação da Síria”, enquanto em outro, um homem armado faz questão de intimidar seus prisioneiros, levando a novas evidências de uma repressão violenta e sistemática.
Os relatos de atrocidades surgem em um momento em que a nova administração síria tenta descartar suas raízes jihadistas, lidando com a crescente insatisfação e revolta pela repetição de padrões de violência semelhantes àqueles que assolaram a Síria nas últimas décadas sob o regime anterior. As imagens chocantes e os testemunhos coletados levantam sérias preocupações sobre o futuro da governança e da segurança sob a nova liderança.
Por fim, a situação criada pela nova administração interina, que prometeu reformatar a política e as dinâmicas sectárias do país, culminou em uma crise humanitária e de segurança que evoca a rejeição do passado, mas que parece estar tragicamente repetindo os mesmos erros.
É essencial que a comunidade internacional não ignore as tensões e o sofrimento vivenciado por milhares de sírios. Compartilhe suas opiniões e experiências nos comentários para que possamos discutir o futuro complexo da Síria.