Um novo relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri) revela um aumento significativo nas importações de armas na Europa, com um crescimento de 155% entre 2020 e 2024. Embora as exportações globais de armas permaneçam estáveis, é notável a mudança na lista dos principais países compradores. A Ucrânia se destaca como o maior receptor de armamentos durante este período, absorvendo quase 9% das exportações mundiais, principalmente devido à invasão russa e ao cenário de incertezas políticas.
De acordo com a análise do documento, a Ucrânia aumentou suas importações de armamentos em quase 100 vezes em comparação com o período anterior de 2015 a 2019. Essa drasticidade é consequência direta do conflito com a Rússia, que começou com a agressão em 24 de fevereiro de 2022. O estudo, assinado por Mathew George, observou que 'os novos números de repasses de armas refletem o rearmamento que começou nos países europeus em resposta à ameaça russa'.
O relatório também destaca outras nações que aumentaram suas importações, com um crescimento aparente em meio à instabilidade geopolítica. O envolvimento dos Estados Unidos é crucial, uma vez que 45% de todas as entregas de armas para a Ucrânia foram oriundas dos EUA, seguidos pela Alemanha e Polônia, com 12% e 11% respectivamente.
De acordo com Pieter Wezeman, pesquisador do Sipri, 'depois que a Rússia se tornou cada vez mais beligerante, os países da OTAN começaram a reduzir sua dependência das importações e a fortalecer os próprios arsenais'. Essa tendência é visível na crescente colaboração entre a Europa e os EUA, que continuam a ser os maiores exportadores de armamento, responsáveis por 43% do fornecimento total global de armamentos, alcançando 107 países entre 2020 e 2024.
Outro ponto relevante citado no relatório foi a queda nas exportações de armas russas, que diminuíram 63% entre 2015 e 2024, tendo seu pico mais baixo nos anos de 2021 e 2022. As sanções impostas ao país agravaram essa situação, dificultando a produção e venda de armamentos para o exterior, resultando em um aumento na necessidade de armamentos para sua própria defesa.
O relatório também delineou uma mudança no foco dos principais países que recebem armamentos. Quatro das dez maiores importações de armas entre 2020 e 2024 são da região do Golfo, incluindo Catar e Arábia Saudita, que estão empatados no terceiro lugar, seguidos pelo Egito e Kuwait.
Na Ásia e na Oceania, países como Índia, Paquistão, Japão e Austrália também figuram entre os maiores importadores. Siemon Wezeman destacou a importância de se observar essas transações: 'Embora as remessas de armas para a Europa e Oriente Médio tenham recebido maior atenção da mídia, a Ásia e a Oceania seguem como a maior região em termos de importação de armas'.
Apesar de um contexto de estagnação em termos de volume global, as mudanças nas dinâmicas de importação são notáveis. O governo alemão, por exemplo, planeja investir consideráveis quantias nas suas forças armadas, prevendo um aporte de cerca de 400 bilhões de euros para fortalecer sua indústria bélica no futuro. Ou seja, as mudanças na dinâmica de importações de armas estão não apenas refletindo a atual tensão geopolítica, mas também moldando o futuro do comércio de armamentos mundial.
Em suma, o relatório do Sipri mostra um cenário em que, embora o comércio global de armas como um todo esteja em uma fase de estagnação, as mudanças nas nações que estão recebendo essas armas são profundas e significativas, refletindo uma nova ordem geopolítica em resposta a desafios emergentes.
Assim, a análise conclui com um convite à reflexão acerca das implicações dessas alterações no comércio de armamentos para a segurança mundial. A importância de monitorar as tendências no setor de defesa se torna ainda mais vital neste contexto de crescente tensão entre nações.
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