O presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, fez um apelo à "unidade nacional" neste domingo, 9, após uma série de confrontos que resultaram na morte de mais de mil pessoas, em sua maioria civis pertencentes à minoria alauíta. Ele destacou a necessidade de preservar a paz civil e a harmonia entre as diferentes comunidades do país, em um período desafiador para a nação.
O pronunciamento ocorreu em um contexto crítico, onde forças do governo estavam realizando uma repressão nas áreas litorâneas da Síria, predominantemente alauítas, que apoiavam o ex-presidente Bashar al-Assad. Al-Sharaa, que liderou a coalizão que se opôs a Assad - um membro da minoria muçulmana alauíta - sublinhou a urgência de unir o povo sírio para enfrentar os desafios que surgem. Em seu discurso, pronunciado em uma mesquita em Damasco, ele disse: "O que está acontecendo no país (...) são desafios que eram previsíveis. Temos que preservar a unidade nacional, a paz civil, tanto quanto possível e, se Deus quiser, poderemos viver juntos neste país".
No entanto, a situação no terreno continuou a se deteriorar, já que o Observatório Sírio para os Direitos Humanos relatou que pelo menos 745 civis alauítas foram mortos “a sangue frio”, muitos dos quais foram vítimas de um “massacre sectário” perpetrado por forças de segurança nas províncias costeiras de Latakia e Tartous, que são redutos alauítas, além das províncias centrais de Hama e Homs. Na contabilidade de baixas, a ONG também informou que pelo menos 273 membros das forças de segurança e combatentes fiéis a Assad perderam a vida durante os confrontos.
A violência começou na quinta-feira, quando insurgentes alauítas que ainda apoiavam Assad lançaram um ataque contra as forças de segurança em Latakia. Esse evento foi o estopim que desencadeou uma onda de represálias contra os agentes da ordem, levando a uma escalada de violência nunca antes vista nas últimas semanas. A situação se tornou tão volátil que os líderes regionais e internacionais começaram a expressar sua preocupação quanto à possibilidade de um aumento ainda maior nos conflitos sectários no país.
A Síria, devastada por anos de guerra civil, observa agora mais um capítulo trágico de sua história, com uma luta interna que se alastra entre as diferentes denominações religiosas do islamismo. O apelo de Al-Sharaa reflete a necessidade urgente de reconciliação em uma nação profundamente dividida, que já enfrentava anos de destruição.
Através de seu discurso, Al-Sharaa busca restaurar a esperança e a segurança para todos os sírios, em um momento em que muitos se sentem desolados. A chamada à unidade ressoa não apenas entre os grupos que se opõem ao regime, mas também entre aqueles que, por quaisquer motivos, continuam a estar sob a sombra do governo de Damasco.
A situação na Síria requer uma resposta concertada e urgentemente solidária, não apenas do governo, mas também da comunidade internacional, que deve agir para prevenir mais perdas e estabelecer um caminho para a paz e reconciliação.
É vital que a população síria se una para buscar um futuro melhor, onde as divisões sectárias não prevaleçam sobre a necessidade coletiva de paz e estabilidade. A luta pela sobrevivência e pela dignidade humana ainda continua, e cada voz que se levanta pela unidade pode fazer a diferença em um momento tão crítico.