O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR), que opera a partir do Reino Unido, reportou que mais de 700 civis da minoria alauíta foram mortos em recentes incidentes na Síria. O cenário de violência tem causado apreensão e deslocamentos significativos na região.
No último domingo (09 de março), o presidente interino da Síria, Ahmed Sharaa, enfatizou a importância da unidade nacional após dias de confrontos brutais. De acordo com o SOHR, aproximadamente 745 civis foram mortos em cerca de 30 ataques massivos direcionados à comunidade alauíta nos dias 7 e 8 de março.
A BBC News não conseguiu verificar essas informações de maneira independente. Em uma transmissão de vídeo, Sharaa expressou: "Devemos preservar a unidade nacional e a paz civil o máximo possível e, se Deus quiser, seremos capazes de viver juntos neste país". O presidente reconheceu que os eventos recentes são reflexo dos "desafios esperados" após a queda do regime de Bashar al-Assad. Este cenário de tensão resultou no deslocamento de centenas de famílias nas províncias costeiras de Latakia e Tartus, áreas historicamente ligadas ao ex-presidente alauíta deposto.
Nos últimos dois dias, o SOHR informou que mais de mil pessoas perderam a vida, evidenciando o pior episódio de violência desde a derrubada do regime de Assad em dezembro do ano anterior. Este total abrange tanto civis quanto combatentes, incluindo tropas do governo e milícias aliadas. O número inclui 125 membros das forças de segurança e 148 milicianos fiéis ao ex-regime, que participam de intensos combates nas províncias costeiras mencionadas.
A minoria alauíta, que representa cerca de 10% da população síria, pertence a uma seita do islamismo xiita, em um país predominantemente sunita. Um porta-voz do ministério da Defesa da Síria declarou à agência de notícias Sana que as forças governamentais conseguiram restabelecer a ordem após enfrentar "ataques traiçoeiros". A situação deixou a comunidade alauíta em "estado de horror", de acordo com relatos de ativistas locais.
Para escapar da violência, muitas pessoas procuram abrigo em uma base militar russa em Hmeimim, localizada em Latakia. Imagens divulgadas pela Reuters mostraram grandes multidões clamando por "proteção russa" do lado de fora da base. Além disso, dezenas de famílias estão migrando para o Líbano, conforme reportagens da mídia local. O enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, manifestou profundo alarme em relação aos "relatos muito preocupantes de vítimas civis" nas áreas costeiras e solicitou a todas as partes que evitem ações que possam "desestabilizar" o país e comprometer uma "transição política confiável e inclusiva".