A Europa vive a preocupação com a possibilidade de que a guerra na Ucrânia se alastre para além de suas fronteiras, conforme analisa o professor Vitelio Brustolin, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Em entrevista à CNN, Brustolin indicou que os líderes europeus não acreditam que Vladimir Putin se contentará em limitar suas ações apenas à Ucrânia.
Segundo Brustolin, "a Europa vê essa guerra como uma guerra contra a própria Europa, não é só contra a Ucrânia". Essa percepção é compartilhada amplamente no continente, levando a um consenso de que uma paz apressada poderia trazer consequências ainda mais desastrosas no futuro.
Brustolin observa uma divergência marcante nas abordagens dos Estados Unidos e da Europa em relação ao conflito. Ele ressalta que enquanto o ex-presidente Donald Trump advoga pela ideia de uma "paz a qualquer preço", os líderes europeus expressam receios de que tal postura ofereceria tempo a Putin para rearmar-se e intensificar suas ambições territoriais. "A Europa acredita que uma paz a qualquer preço só vai levar a uma guerra maior ali na frente", aponta o especialista, acrescentando que nações como Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia — ex-integrantes da União Soviética — estão particularmente inquietas com o desenrolar da situação.
Em suas análises, Brustolin enfatiza que a posição da Europa é clara: não haverá resolução para o conflito sem garantias robustas de segurança. Essas garantias são, precisamente, o que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, tem buscado incessantemente. O professor também menciona a possibilidade de um acordo em torno de terras raras entre a Ucrânia e os Estados Unidos, o que pode ser visto como uma forma de Zelensky demonstrar seu interesse em negociações com a atual administração americana, conhecida por seu enfoque mercantilista.
Além disso, Brustolin relembra o Memorando de Budapeste, firmado em 1994, no qual os EUA se comprometeram a defender a Ucrânia em troca da entrega do arsenal nuclear do país à Rússia. Tal compromisso histórico insere uma camada adicional de complexidade nas relações entre os países envolvidos no conflito e a necessidade de soluções que não apenas encerrem as hostilidades, mas também assegurem uma estabilidade a longo prazo na região.
A situação atual na Ucrânia é um lembrete de que os desafios geopolíticos exigem uma análise cuidadosa e uma abordagem estratégica para evitar escalonamentos indesejados. Com as tensões ainda elevadas, é fundamental que as potências mundiais considerem as lições do passado e trabalhem em prol de soluções duradouras que garantam a paz na Europa e além.