Os rebeldes do M23, apoiados por Ruanda, realizaram um ataque alarmante em Goma, na República Democrática do Congo, sequestrando ao menos 130 pacientes de hospitais locais na última sexta-feira, 28 de fevereiro. A informação foi divulgada pelas Nações Unidas nesta segunda-feira, 3 de março.
A operação dos rebeldes ocorreu durante a noite, quando cerca de 116 pacientes foram levados do Hospital CBCA Ndosho e outros 15 do Hospital Heal Africa. A porta-voz do Escritório de Direitos Humanos da ONU, Ravina Shamdasani, afirmou que os homens sequestrados eram considerados suspeitos de serem soldados da República Democrática do Congo ou membros de uma milícia aliada ao governo, conhecida como Wazalendo.
“É profundamente angustiante que o M23 esteja sequestrando pacientes de leitos hospitalares em ataques coordenados e mantendo-os incomunicáveis em locais não revelados”, declarou Shamdasani, ressaltando a urgência da situação e a necessidade de libertação imediata dos reféns.
Os líderes do M23, Willy Ngoma e Lawrence Kanyuka Kingston, não responderam aos pedidos de comentário sobre a situação.
O M23, um grupo rebelde composto predominantemente por tutsis, iniciou uma ofensiva significativa em Goma no final de janeiro. Desde então, a situação no leste do Congo piorou drasticamente, com o grupo conquistando terras e ganhando acesso a riquezas minerais cruciais para a economia local. Esta escalada tem raízes históricas, sendo uma continuação dos conflitos desencadeados pelo genocídio em Ruanda em 1994. O transbordamento desse conflito apresentou desafios incessantes para a estabilidade da região.
Além do envolvimento do M23, há denúncias constantes de que Ruanda está apoiando o grupo rebelde, uma alegação negada pelo governo ruandense, que argumenta estar se defendendo de milícias hutus na região. Essas milícias, segundo Ruanda, estariam ameaçando a segurança do país.
Desde janeiro, as hostilidades no leste do Congo resultaram em cerca de 7 mil mortes e deixaram quase meio milhão de pessoas sem abrigo, com 90 campos de deslocados destruídos pela violência. A comunidade internacional, incluindo expertises da ONU e potências ocidentais, tem tentado abordar a situação através de sanções internacionais e investigações do Tribunal Penal Internacional. No entanto, essas medidas não conseguiram pôr fim à ofensiva dos rebeldes, que agora dominam cidades estratégicas como Goma e Bukavu.
Os sequestros em hospitais, como o recente incidente em Goma, sublinham a gravidade da crise humanitária na região. Muitas famílias estão em desespero, e a insegurança impede o acesso a cuidados essenciais de saúde. Com os conflitos atingindo níveis alarmantes, a proteção dos civis e a assistência humanitária tornam-se cada vez mais urgentes.
A situação atual no leste do Congo é um retrato sombrio de uma crise que vai além da luta por território e inclui questões de direitos humanos que afetam a vida de milhares de inocentes.
As Nações Unidas e outras organizações humanitárias continuam a fazer apelos pela liberdade dos reféns e pela proteção dos civis nas áreas afetadas pelo conflito. A comunidade internacional precisa atuar rapidamente para restaurar a paz e garantir que as necessidades básicas da população sejam atendidas.
Enquanto isso, a situação permanece tensa e frágil, colocando em risco o futuro de muitas vidas na República Democrática do Congo. O apoio contínuo ao povo congolês, juntamente com esforços de mediação para um acordo de paz duradouro, são cruciais para a resolução desse impasse complexo.
Os desdobramentos desse conflito continuam a ser monitorados de perto, e a necessidade por soluções efetivas e sustentáveis nunca foi tão urgente. É fundamental que a voz da comunidade internacional se una em prol da paz e da justiça na República Democrática do Congo.