A agremiação Colorado do Brás inaugurou os desfiles do grupo especial de São Paulo para o carnaval 2025 na noite de sexta-feira, 28, no Sambódromo do Anhembi, localizado na zona norte da capital. Comemorações marcantes foram apresentadas, como o enredo Afoxé Filhos de Gandhy, no ritmo da fé, que homenageia o icônico bloco carnavalesco Filhos de Gandhi, surgido em Salvador na década de 1940.
Logo após a Colorado do Brás, desfilam na madrugada de sábado, 1° de março, as seguintes escolas: Barroca Zona Sul (0h05), Dragões da Real (1h10), Mancha Verde (2h15), Acadêmicos do Tatuapé (3h20), Rosas de Ouro (4h20) e, finalizando o dia, Camisa Verde e Branco (5h30).
A expectativa é que as escolas tragam para a avenida enredos que celebrem a rica história dos negros no carnaval, incluindo referências à cultura e religiões de matriz africana. O tema da Barroca Zona Sul será Os nove oruns de Iansã. A Dragões da Real, a vice-campeã do carnaval de 2024, sob a direção do carnavalesco Jorge Freitas, irá inspirar seu desfile na obra Aquarela, com o enredo A vida é um sonho pintado em aquarela!. Já a bicampeã Mancha Verde apresentará Com Bahia, da Fé ao Profano, valorizando as festividades da Bahia, enquanto a Rosas de Ouro abordará os jogos de sorte em seu enredo Rosas de Ouro em uma Grande Jogada. Por sua vez, o Acadêmicos do Tatuapé pretende falar sobre Justiça e desigualdades, enquanto a Camisa Verde e Branco animará os foliões com O tempo não para! Cazuza - o poeta vive!, prestando homenagem ao icônico cantor brasileiro.
Antes dos desfiles, houve uma apresentação especial das velhas-guardas de São Paulo, um tributo realizado desde 2022 aos integrantes históricos das agremiações. Esta edição é especialmente significativa, sendo a primeira após o falecimento do sambista Carlos Alberto Caetano, conhecido como Seo Carlão do Peruche, o último baluarte do carnaval e co-fundador da Unidos da Peruche em 1956, que faleceu recentemente aos 94 anos. Para homenageá-lo, uma fita preta foi anexada ao brasmão da Velha Guarda, e as escolas desfilaram ao som do samba Tristeza, famosa na interpretação de Beth Carvalho.
No desfile de abertura, a Colorado do Brás fez uma belíssima comissão de frente, que refletiu sobre os estivadores e fundadores do afoxé Filhos de Gandhi. Os participantes traziam representações de deusas indianas e artistas como Gilberto Gil, Clara Nunes e Caetano Veloso, todos ligados ao afoxé e às religiões de matriz africana. O desfile começou com uma representação de Padê de Exú, entidade que orienta os membros do afoxé durante as festividades, seguida pela figura histórica de Mahatma Gandhi, que simboliza pacifismo e desenvolvimento espiritual.
O carro abre-alas da agremiação trouxe, de forma grandiosa, quatro elefantes guiados por um deus indiano, além de uma escultura imponente de Gandhi em um gesto de agradecimento. A ala Comendo Coentro relembrou as origens do afoxé, e em seguida, uma grande escultura de Iemanjá, a protetora dos pescadores, encantou o público com luzes azuladas e coreografias envolvendo guarda-chuvas. O cortejo também trouxe o Camafeu Oxossi, em homenagem a Ápio Patrocínio, que revitalizou a entidade nos anos 60. O terceiro carro alegórico retratou rituais de proteção, e a ala Filhos de Gandhi apresentou trajes típicos do afoxé. Para encerrar na grandiosidade, a última alegoria erguia uma gigante pomba branca, simbolizando a paz, que rodopiava enquanto borrifava perfumadas bolhas de sabão pelo Sambódromo.