A situação atual entre a Rússia e a Ucrânia continua crítica e envolve assuntos complexos sobre os futuros territórios ocupados. Recentemente, o presidente dos EUA, Donald Trump, declarou que Vladimir Putin, líder russo, precisará fazer concessões para que um acordo de paz seja alcançado. Entretanto, as novas fronteiras da Ucrânia permanecem um ponto de incerteza.
A Rússia alega controle sobre cerca de 20% do território ucraniano e ainda reivindica áreas adicionais, especialmente no leste do país. A Ucrânia, por sua vez, tem insistido que um acordo de paz deve assegurar o retorno aos seus limites territoriais anteriores a 2014, ano fatídico que marcou a anexação da Crimeia pela Rússia.
A Crimeia, que continua sob domínio russo desde 2014, é vista como um ponto de lage importância militar, dado seu papel estratégico no Mar Negro. Especialistas acreditam que sua devolução à Ucrânia em um eventual acordo é pouco provável, já que a região serve como uma plataforma essencial para o alcance russo ao Mediterrâneo e ao Oriente Médio. "A Rússia está pressionando os Estados Unidos, especialmente para que reconheçam a Crimeia como russa, porque é uma questão de orgulho e legado pessoal de Putin", explica Orysia Lutsevych, chefe do Fórum Ucrânia na Chatham House.
Para entender a complexidade dessa situação, é necessário voltar a 2014. Após a anexação da Crimeia, a guerra estourou em Luhansk e Donetsk, no leste da Ucrânia, onde separatistas apoiados pela Rússia proclamaram independência. Segundo Lutsevych, a região, conhecida como Donbass, possui ativos econômicos importantes e uma infraestrutura que conecta várias partes do país, o que leva a uma significativa luta pelo controle destes recursos.
No início de 2022, Putin ordenou a movimentação de tropas em Donbass, iniciando um novo capítulo de hostilidades. Em setembro do mesmo ano, a Rússia formalizou a anexação das quatro regiões, declarando-as território russo. Lutsevych relata que a situação humanitária nas áreas mais próximas da linha de combate é crítica, com os residentes enfrentando dificuldades extremas, que vão desde a escassez de alimentos até a falta de acesso a água potável.
Ao mesmo tempo, a Ucrânia não está parada. Em agosto de 2024, forças ucranianas executaram um ataque surpresa na região ocidental de Kursk, na Rússia, resultando na evacuação de milhares de cidadãos russos. O presidente ucraniano, Zelensky, naquele momento, destacou que essa ação tinha o objetivo de estabelecer uma zona de segurança para proteger a Ucrânia de possíveis novos ataques russos.
Porém, a chefe do Fórum Ucrânia acredita que o cenário político atual é desolador. Com Trump adotando um tom favorável à Rússia nesta disputa, a perspectiva de concessões por parte de Moscou é improvável. "Não temos qualquer indicação de que a Rússia esteja disposta a chegar a um meio-termo. O melhor caminho poderia ser garantir que aqueles que desejem sair dessas regiões ocupadas, tenham liberdade para fazê-lo", conclui Lutsevych.
A busca por paz e estabilidade na Ucrânia continua sendo um desafio e um tema que requer atenção global. O futuro das terras ocupadas pela Rússia e a viabilidade de um acordo duradouro dependem de negociações complexas, concessões mútuas e, acima de tudo, da vontade política por parte dos líderes envolvidos.