O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está analisando a possibilidade de se engajar na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que objetiva a redução da jornada máxima de trabalho para 36 horas semanais, divididas em quatro dias, proposta que ficou conhecida como "PEC do 6×1". Esse projeto foi protocolado na Câmara dos Deputados na última terça-feira (25) pela deputada Érika Hilton, do PSOL de São Paulo. A proposta ganhou apoio de vários congressistas de centros e de esquerda.
Em conversas particulares, Lula já demonstrou uma inclinação favorável à PEC, mas destacou a necessidade de se encontrar um meio-termo nas discussões. Em seu texto, a deputada Hilton manteve a proposta de uma escala de trabalho de 4 por 3, mas está aberta a debates sobre o tema.
A proposta já foi topicada em reuniões no Palácio do Planalto com Érika Hilton, além do deputado Reginaldo Lopes, do PT de Minas Gerais, que apresentou uma proposta similar. A expectativa é que, após o Carnaval, o presidente Lula se encontre novamente com os dois, com a intenção de, possivelmente, anunciar seu apoio à PEC.
Em entrevista à CNN, Érika Hilton comentou que pretende procurar o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, do Republicanos da Paraíba, para discutir a tramitação da proposta.
Do ponto de vista do Palácio do Planalto, a iniciativa do presidente Lula em apoiar a PEC representa uma chance de reavivar uma bandeira trabalhista, num movimento que pode aproximá-lo dos empresários. Essa reaproximação é vista como necessária, especialmente após a crescente adesão de trabalhadores informais ao lado da direita, como exemplificado pelo apoio a Pablo Marçal, do PRTB, nas eleições municipais de São Paulo.
No governo federal, a discussão em torno dessa proposta também é encarada como uma oportunidade para Lula se opor ao ex-presidente Jair Bolsonaro, uma vez que diversas figuras da direita manifestaram-se contra a PEC.