Um recente estudo realizado por pesquisadores brasileiros classificou o Rio dos Bugres, situado entre Santos e São Vicente, como o segundo mais poluído do mundo por microplásticos. Os resultados alarmantes foram divulgados na Marine Pollution Bulletin e evidenciam a gravidade da contaminação nesse importante corpo d'água.
De acordo com o biólogo marinho William Rodriguez Schepis, que coordenou a pesquisa, a exposição a microplásticos pode desencadear efeitos sérios à saúde, incluindo riscos cancerígenos e várias outras patologias. O estudo considerado teve como base dados de diversos corpos d'água, coletados em artigos científicos publicados anteriormente.
No processo de pesquisa, a equipe coletou amostras em dez pontos da região estuarina entre abril e julho de 2018. A análise laboratorial revelou que em uma amostra do Rio dos Bugres, havia aproximadamente 93.050 partículas de microplásticos por quilo de sedimento, ficando atrás apenas do Rio Pasur em Bangladesh, que apresentou 157 mil partículas na mesma quantidade de sedimentos.
Schepis detalhou que os microplásticos são fragmentos de plástico menores que 5 mm, muitas vezes invisíveis a olho nu, resultantes da degradação de itens maiores como embalagens, fibras sintéticas e pneus. Ele também destacou que as ocupações irregulares em palafitas, que cercam o Rio dos Bugres, agravam ainda mais a situação da poluição.
“No lado da margem do rio, temos o Dique da Vila Gilda e, em oposição, o Dique Sambaiatuba. Na foz do rio, existe uma grande ocupação residencial, onde a população descarta seus resíduos diretamente no manguezal”, explicou o pesquisador. Schepis estima cerca de 20 mil moradores na Vila Gilda.
Os microplásticos não afetam apenas a saúde humana, mas também têm implicações perigosas para os peixes, podendo gerar disfunções hormonais e reprodutivas. “A água utilizada nas residências e o resíduo vão diretamente para o manguezal”, concluiu Schepis.
O estudo fez uso de um artigo referente ao Rio Pasur, publicado em 2023, mas que foi posteriormente despublicado pela editora Elsevier por questões editoriais. Mesmo diante dessa situação, a equipe decidiu considerar os dados válidos. “Esse artigo foi retirado de uma revista científica, mas ainda pode ser encontrado em outras”, comentou o diretor-presidente do EcoFaxina.
Respondendo a uma consulta do G1, Guilherme Malafaia, o autor do artigo despublicado, declarou que as acusações contra ele não têm fundamento, refletindo falhas no processo editorial. Ele defendeu que ações como essas têm um impacto considerável sobre autores de países em desenvolvimento e exigiu uma investigação justa e evidenciada.
A Prefeitura de São Vicente emitiu uma nota afirmando que está atenta à situação do índice de microplásticos no Rio dos Bugres, realizando estudos e relatórios ambientais para monitorar a poluição. Além disso, a administração municipal enfatizou ações para mitigar esse problema, como a fiscalização sobre o descarte irregular de resíduos e a aplicação de multas para infratores.
Por outro lado, a Prefeitura de Santos destacou que aproximadamente 80% do lixo encontrado no mar se origina de fontes terrestres. A administração ressaltou um projeto em execução que visa a reurbanização da região do Rio dos Bugres, conhecido como Parque das Palafitas, que já está em andamento.
Estudos como esse revelam a urgência em abordar a poluição dos corpos d'água e as ações necessárias para proteger tanto a saúde pública quanto o meio ambiente. É vital que a sociedade se una em ações de conscientização e conservação. Compartilhe sua opinião sobre esse assunto e ajude a propagar a importância da preservação dos nossos rios.