O Greenpeace nos Estados Unidos está enfrentando um grave desafio que pode levar à sua falência. A ONG foi processada pela Energy Transfer, uma empresa do setor petrolífero, que a acusa de invasão, difamação e interferência ilegal. Essa ação judicial resulta dos intensos protestos realizados entre 2016 e 2017 contra o Dakota Access Pipeline, um oleoduto situado no estado da Dakota do Norte.
O julgamento começou na última segunda-feira (24) e está programado para se estender por cinco semanas. De acordo com declarações do Greenpeace, a Energy Transfer exige uma indenização de US$ 300 milhões, o que equivale a aproximadamente 1,7 bilhão de reais, um valor que é mais de dez vezes superior ao orçamento anual da organização nos Estados Unidos.
Os protestos contra o oleoduto contaram com a participação ativa de comunidades indígenas e defensores do meio ambiente, que levantaram vozes contra a invasão de territórios sagrados e os potenciais danos ao abastecimento de água na área. Em contrapartida, a energia de transferência argumenta que o Greenpeace e outros grupos desenvolveram um ‘esquema ilegal e violento’ que teria causado prejuízos financeiros à empresa e buscado impedir a construção do oleoduto.
Em resposta ao processo, a ONG denunciou-o como uma tentativa de restringir a liberdade de expressão. Sushma Raman, diretora executiva interina do Greenpeace USA, afirmou: “Este caso é um exemplo claro de empresas que usam o sistema judicial para silenciar críticos e esconder suas atividades”.
A construção do Dakota Access Pipeline foi aprovada em 2016, provocando uma onda de indignação entre as comunidades indígenas de Standing Rock Sioux, que argumentaram que não foram consultadas sobre o projeto. As manifestações se tornaram um fenômeno global, levando milhares de pessoas a acampar ao longo da rota do oleoduto. Após meses de conflitos com a polícia, a construção foi finalizada em 2017, permitindo o transporte de petróleo bruto até Illinois.
O Greenpeace alertou que, caso perca o processo, estará em risco de um colapso financeiro, o que ameaçaria mais de cinco décadas de trabalho em prol da proteção ambiental. A organização considera essa ação judicial um exemplo de “Ação Judicial Estratégica Contra a Participação Pública” (SLAPP, em inglês), uma estratégia que visa sufocar financeiramente movimentos sociais e ativistas.
O Greenpeace foi fundado em 1971 no Canadá e é uma organização não-governamental com atuação global voltada para a defesa do meio ambiente. Ela é reconhecida por seu ativismo direto e pacífico em diversas questões, como mudanças climáticas, preservação dos oceanos, desmatamento e conservação da biodiversidade. Sem vínculos com partidos políticos ou empresas, a ONG financia suas atividades por meio de doações individuais e promove campanhas para incentivar governos e empresas a adotarem métodos sustentáveis. No Brasil, o Greenpeace atua há várias décadas, lutando contra crimes ambientais na Amazônia e defendendo políticas públicas que promovam a justiça climática.