O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, declarou na última segunda-feira (24) que não possui "nenhum desconforto" em julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Em relação a mim, não há nenhum desconforto, nenhum incômodo, nada desse tipo", afirmou o juiz em uma conversa com jornalistas antes de um evento na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
A declaração veio após a defesa de Bolsonaro afirmar que tentaria impedir a participação de Dino e do também ministro Cristiano Zanin no julgamento da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O advogado do ex-presidente alegou que Zanin fazia parte da equipe de defesa do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e que Dino foi ministro da Justiça e Segurança Pública no governo atual.
Em sua explicação, Dino destacou que "o advogado e seus colegas têm não apenas o direito, mas também o dever de assegurar uma defesa completa". Ele ressaltou que considera normal que um advogado busque apresentar pedidos, e que a decisão final será tomada pelo colegiado do tribunal. "Não é uma decisão pessoal minha, é uma decisão do colegiado", declarou.
Bolsonaro enfrenta acusações relacionadas ao suposto planejamento de um golpe de Estado. O ex-presidente será julgado pela primeira turma do STF, cuja tendência, conforme informações extraídas pela CNN, é de que os ministros votem de forma unânime pela aceitação da denúncia, tornando-o réu.
Flávio Dino acrescentou que o julgamento "certamente ocorrerá dentro das regras estabelecidas". Ele lembrou que o Supremo conta com 11 ministros, todos escolhidos de maneira análoga e aprovados pelo Senado, enfatizando que a imparcialidade e o respeito à ampla defesa são princípios fundamentais que guiarão o processo. "Os ministros foram indicados por cinco presidentes da República diferentes e aprovaram os seus nomes no Senado… e o julgamento deverá seguir as normas legais e regimentais, com total isenção", completou.