Roberta Flack, uma das vozes mais icônicas da música soul, faleceu recentemente aos 88 anos, deixando um legado duradouro tanto na música quanto no ativismo social. Conhecida por suas interpretações emocionantes, especialmente da famosa canção "Killing Me Softly With His Song", Flack acumula cinco prêmios Grammy ao longo de sua carreira. Sua morte aconteceu em casa, rodeada por familiares, após anos lutando contra problemas de saúde, incluindo a esclerose lateral amiotrófica (ELA), que a impediu de cantar nos últimos anos.
Natural de Black Mountain, Carolina do Norte, Roberta foi criada em Arlington, Virgínia. Desde a infância, demonstrou um grande talento para a música, iniciando aulas de piano aos nove anos. Com apenas 15 anos, conquistou uma bolsa de estudos na Howard University, onde se formou em educação musical. Apesar de começar a carreira como professora de música, seu verdadeiro sonho sempre foi se destacar na música clássica. Contudo, naquela época ela enfrentou barreiras raciais que dificultaram seu avanço.
Roberta Flack foi uma artista que não se limitou apenas a entreter, mas também utilizou sua plataforma para abordar questões sociais relevantes. Ao longo de sua trajetória, interpretou músicas que tratavam de injustiça racial, desigualdade social e econômica, além de abordar desafios enfrentados pela comunidade LGBTQ. Seu ativismo foi reconhecido por figuras como o Rev. Jesse Jackson, que a descreveu como "socialmente relevante e politicamente destemida". Flack também foi pioneira na indústria musical, assumindo o papel de produtora em seu quinto álbum solo, "Feel Like Makin' Love", desafiando o status quo em um setor predominantemente masculino.
O álbum de estreia de Roberta, "First Take", lançado em 1969, foi essencial para sua ascensão ao estrelato. A canção "The First Time Ever I Saw Your Face" se tornou um grande sucesso após ser incluída no filme "Play Misty for Me", de Clint Eastwood, permanecendo no topo da Billboard Hot 100 por seis semanas e rendendo a Flack o Grammy de Gravação do Ano em 1973. Outro ponto alto de sua carreira foi o álbum "Killing Me Softly", que conta com a faixa-título que também conquistou o topo das paradas por cinco semanas, além de garantir mais dois prêmios Grammy em 1974. Suas colaborações com Donny Hathaway geraram ainda mais sucessos, como "Where Is the Love", que também rendeu um Grammy.
O legado de Roberta Flack continua a ecoar na música contemporânea. Sua habilidade de unir temas pessoais e sociais em suas canções inspira muitos artistas atuais. Um exemplo é a versão de "Killing Me Softly" feita pelo grupo Fugees em 1996, que mostra como suas músicas são atemporais. Mesmo após sua morte, a influência de Roberta permanece. Suas canções são um testemunho de sua capacidade de tocar o coração das pessoas, e suas contribuições ao ativismo social continuam a inspirar novas gerações na luta por justiça e igualdade.