Os espelhos são objetos que, ao longo da história, estiveram imersos em lendas e mistérios intrigantes. Frequentemente retratados em filmes, esses itens têm uma aura sobrenatural que envolve suas origens e usos ao longo do tempo.
Diversas civilizações atribuíam a eles desde poderes proféticos até implicações relacionadas à sorte e ao azar. A seguir, confira algumas das crenças mais marcantes sobre esses utensílios que refletem imagens e também culturas.
O espelho foi considerado, por diferentes sociedades, um canal para predições através da prática da “catoptromancia”, que combina os conceitos gregos de espelho e adivinhação.
Os videntes utilizavam imagens refletidas na água de copos rasos ou em recipientes de cerâmica para vislumbrar o futuro. Na Grécia Antiga, feiticeiras usavam espelhos como oráculos, e em Roma, sacerdotes da ordem dos Specularii afirmavam que podiam prever eventos e confirmar ocorrências passadas utilizando esses objetos.
Um exemplo notável é o ocultista John Dee, que prestou consultoria política à rainha Elizabeth I no século XVI, e utilizava espelhos para invocar anjos.
A superstição de que quebrar um espelho traz sete anos de azar originou-se da prática da catoptromancia entre os gregos. Quando um recipiente destinado à predição do futuro se quebrava, isso era interpretado como um mau presságio.
Os romanos também adotaram essa crença, adicionando uma maldição que estabelecia que a consequência da quebra duraria sete anos, alinhando-se aos ciclos de renovação da vida. Contudo, em algumas culturas, como a do Paquistão, o estilhaçar acidental de um espelho é visto como um sinal de boa sorte.
Durante as dinastias na China, era amplamente acreditado que os espelhos poderiam “absorver” as energias da lua, que era venerada naquela região. Em particular, na dinastia Qing, a última da era imperial chinesa, os espelhos eram considerados instrumentos poderosos nas decisões dos imperadores.
Esta famosa lenda urbana, popular em países de língua inglesa, sugere que, ao apagar as luzes e invocar “Maria Sangrenta” três vezes em frente ao espelho, segurando uma vela, a pessoa teria um encontro com o espírito de Bloody Mary.
Na literatura e no cinema, as representações de vampiros costumam não mostrar suas imagens refletidas em espelhos. Este fenômeno é explicado na mitologia vampírica como uma consequência da ausência de alma, um atributo também associado aos demônios.
No século XIX, cobrir espelhos com panos durante velórios era uma prática comum em lugares como a Inglaterra Vitoriana e na América do Norte. Essa tradição surgiu da crença de que os espíritos dos falecidos poderiam ficar aprisionados nos espelhos.
Os irmãos Grimm se inspiraram em uma baronesa alemã real para criar o famoso conto da Branca de Neve, que mais tarde se transformou em um famoso desenho da Disney no século XX. A baronesa viveu na Baviera e cresceu em um castelo em Lohr, conhecido pela fabricação de vidros e espelhos. Segundo a lenda, seu pai presenteou a madrasta da jovem com um “espelho falante”, que respondia à famosa pergunta: “Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu?”
Na época pré-colombiana, os astecas acreditavam que o deus Tezcatlipoca, senhor da noite e da morte, utilizava espelhos para realizar a transição entre o mundo dos vivos e o espiritual.