O exército de Israel anunciou que um dos corpos recentemente liberados pelo Hamas não pertence a Shiri Bibas, mãe dos reféns Kfir e Ariel Bibas, sequestrados em 7 de outubro de 2023. A declaração foi feita na última sexta-feira (21), e os militares acusaram o Hamas de violar um cessar-fogo já fragilizado.
Durante uma coletiva, as autoridades israelenses confirmaram que dois dos corpos foram devidamente identificados como sendo do bebê Kfir e de seu irmão Ariel, enquanto o suposto corpo da mãe, Shiri, não teve correspondência com nenhum refém identificado até o momento. O exército classificou a situação como "uma violação de extrema gravidade pela organização terrorista Hamas", ressaltando que esta tinha a obrigação de devolver quatro reféns mortos, conforme acordado anteriormente.
Além do caso de Shiri, a família de Oded Lifshitz confirmou que o corpo de seu parente foi devidamente identificado. A repercussão da entrega dos restos mortais provocou uma série de reações, mas não houve uma resposta imediata por parte do Hamas.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que haverá represálias contra o Hamas após a entrega dos corpos, que, segundo o grupo, seriam de quatro reféns, incluindo Kfir e Ariel, que são os mais novos entre os sequestrados durante o ataque de 7 de outubro de 2023. A entrega dos corpos foi feita em uma exibição pública, acompanhada por palestinos e militantes do Hamas, o que gerou condenação global, incluindo do Secretário-Geral da ONU, António Guterres.
A suposta entrega dos restos mortais dos meninos, de sua mãe e de Lifshitz foi parte do acordo de cessar-fogo em Gaza, que foi alcançado com mediação do Catar e do Egito, além do suporte dos Estados Unidos. Durante o trajeto de entrega, israelenses se alinhas na estrada, embaixo de chuva, para prestar suas homenagens enquanto o comboio com os caixões seguia. Uma mulher, que se apresentou como Efrat, expressou a dor compartilhada, afirmando: "Estamos aqui juntos, com o coração partido. O céu também está chorando conosco e oramos para ver dias melhores".
No entanto, a sensação de perda foi intensa. Em Tel Aviv, muitos se reuniram em uma praça famosa, conhecidas como Praça dos Reféns, onde as pessoas choravam e refletiam sobre a tragédia. O presidente Isaac Herzog descreveu a situação: "Agonia. Dor. Não há palavras. Nossos corações — os corações de uma nação inteira — estão despedaçados".
Após a entrega dos restos, Netanyahu fez um discurso gravado, afirmando a necessidade de combate ao Hamas, que segundo ele, deve ser responsabilizado pela morte de israelenses. Ele destacou que "os quatro caixões" fariam com que Israel se comprometesse ainda mais a evitar que ataques como o de 7 de outubro se repetissem, ressaltando que "o sangue de nossos entes queridos está gritando para nós do solo e nos obrigando a acertar contas com os desprezíveis assassinos, e vamos fazer isso".
Desde o início do conflito que dura 16 meses, autoridades israelenses reitera que o objetivo é a destruição do Hamas e a recuperação dos aproximadamente 250 reféns sequestrados durante o ataque de outubro de 2023. Durante a entrega feita no dia 20, um militante estava ao lado de um cartaz que exibia caixões cobertos com bandeiras de Israel, com o slogan: "O Retorno da Guerra = O Retorno de Seus Prisioneiros em Caixões". O chefe da ONU, Guterres, condenou essa exibição, classificada como "abominável e aterrorizante", e afirmou que a lei internacional exige que os restos sejam entregues com "respeito pela dignidade dos mortos e de suas famílias".