A Alemanha está se preparando para sua eleição legislativa, na qual a escolha do próximo chanceler federal será influenciada não apenas pela popularidade dos candidatos, mas também pelos votos recebidos por seus respectivos partidos. A eleição ocorrerá em 23 de fevereiro de 2025 e, apesar de o chanceler não ser escolhido diretamente, a votação desempenha um papel crucial na formação do novo governo.
O sistema eleitoral da Alemanha foi estruturado para fomentar a criação de governos de coalizão, equilibrando a representação proporcional com o princípio da maioria. Nesse contexto, o chanceler federal possui um poder executivo mais significativo em relação ao presidente da República. No entanto, os eleitores, ao votar, não escolhem um candidato para o cargo de chanceler. Em vez disso, eles escolhem representantes de seu distrito eleitoral que atuarão no Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão. O futuro chanceler será definido a partir da composição das cadeiras no Bundestag, uma vez que nenhum partido detenha a maioria absoluta. Dessa forma, o partido com mais representantes buscará formar uma coalizão com outras legendas para solidificar sua base de governo.
Historicamente, a Alemanha teve apenas duas experiências de governos minoritários, sendo elas em 1966 e 1982. A formação de coalizões é comum, com o partido que detém o maior número de cadeiras geralmente elegendo seu líder para chefiar o governo. Este líder deve, inicialmente, ser eleito em seu distrito e garantir uma cadeira no parlamento. Ao contrário do modelo brasileiro, onde a escolha do chefe de governo é feita diretamente, o chanceler na Alemanha normalmente possui o respaldo de uma ampla maioria no Legislativo, facilitando a aprovação de políticas públicas.
Os principais candidatos da eleição de 2025 incluem Friedrich Merz, representante do partido conservador União Democrata Cristã (CDU); Alice Weidel, pela ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD); Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD), que é de centro-esquerda; e Robert Habeck, atual vice-chanceler e líder dos Verdes. Todos eles concorrem ao cargo de congressista em suas regiões, com funções semelhantes às dos deputados no Brasil. Estes candidatos foram escolhidos devido à projeção de seus partidos nas intenções de voto nas pesquisas eleitorais.
O voto no partido é um ponto-chave nesta eleição, portanto, as pesquisas de intenção de voto analisam quais siglas os eleitores pretendem apoiar. Dados recentes do instituto de pesquisa Infratest Dimap indicam que a CDU e seu partido aliado na Baviera, a União Social Cristã (CSU), estão liderando as intenções com 32% dos votos, uma vantagem significativa sobre a AfD, que ocupa a segunda posição com 21%. A AfD, que tem visto um aumento em sua popularidade, obteve resultados expressivos nas eleições regionais anteriores, especialmente nos estados do leste, indicando um crescente apoio entre os eleitores.
Os partidos SPD e Verdes, que atualmente formam a coligação governamental, ocupam o terceiro e quarto lugares nas intenções de voto. O SPD, em particular, experimentou um desinteresse crescente entre os eleitores desde 2021, um reflexo da queda de popularidade de Olaf Scholz. Outros partidos, como A Esquerda e a sigla populista de esquerda BSW, além do liberal FDP, correm o risco de não alcançar o mínimo necessário de 5% para garantir uma cadeira no Bundestag.
A seleção do chanceler alemão ocorre por meio de um processo deliberado. Antes da eleição, os partidos escolhem seus candidatos principais. Após o fechamento das urnas e a formação de uma possível coalizão, o presidente da Alemanha apresenta um candidato para ser eleito chanceler pelos membros do Bundestag. Esse candidato, frequentemente, é o líder da maior sigla representada na nova coalizão. Uma vez indicado, ele deve assegurar a maioria absoluta dos votos para sua eleição. O vencedor inicia então a nomeação dos integrantes do gabinete, o que liga a popularidade do partido à de seu candidato principal.
A avaliação da popularidade dos candidatos é uma prática comum, mesmo que eles não sejam eleitos diretamente. A aceitação do principal candidato de cada partido pode influenciar o chamado "segundo voto", que é o voto pelo partido propriamente dito. Atualmente, Friedrich Merz, da CDU/CSU, é considerado o favorito para a função de chanceler, não necessariamente por ser o mais popular, mas sim em virtude da perda de suporte de figuras como Olaf Scholz e Robert Habeck.
No sistema eleitoral alemão, cada cidadão vota em duas cédulas: a Erststimme (primeiro voto) serve para escolher um candidato direto do distrito eleitoral; a Zweitstimme (segundo voto) é dedicada ao partido político. As listas de candidatos devem ser registradas previamente junto às autoridades eleitorais. A quantidade de cadeiras que um partido ocupará no parlamento é determinada proporcionalmente com base no número de votos recebidos na segunda cédula. Destarte, são os votos dados aos partidos que definem a força de cada legenda no governo ou na oposição. Além disso, não é necessário votar no mesmo partido nas duas cédulas, permitindo flexibilidade ao eleitor. Por fim, apenas os partidos que obtiverem mais de 5% dos votos estão garantidos uma representação no Bundestag.