O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez declarações impactantes à BBC sobre a atual situação da guerra na Ucrânia. Na entrevista, Trump afirmou que a Rússia "dá as cartas" em qualquer diálogo de paz, observando que isso se deve ao grande território que conquistou desde o início do conflito.
Ao ser questionado sobre a confiança que tem nas intenções de Moscou em buscar uma resolução pacífica, Trump respondeu: "Eu confio". Ele manifestou sua crença de que a Rússia está interessada em encontrar um fim para a guerra, que se intensificou com a invasão em larga escala realizada há quase três anos.
Essas afirmações surgiram enquanto Trump retornava de um evento patrocinado pela Arábia Saudita na Flórida, onde ele desferiu críticas ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a quem chamou de "ditador". As observações de Trump foram uma resposta à acusação de Zelensky, que havia afirmado que o ex-presidente estava "vivendo em um espaço de desinformação" relacionado a suas postagens sobre as negociações entre os EUA e a Rússia, das quais a Ucrânia foi excluída.
Trump, a bordo do Air Force One, reiterou sua posição: "Acho que os russos querem ver o fim da guerra, realmente acho. Eles dão as cartas, porque tomaram muito território". A tensão entre Trump e Zelensky se intensificou quando o ucraniano fez comentários críticos, levando Trump a enfatizar a suposta popularidade diminuta de Zelensky entre os ucranianos.
Um representante da Casa Branca declarou que as acusações de Trump eram uma reação aos comentários de Zelensky sobre a desinformação e a não realização de eleições na Ucrânia. Vale ressaltar que a Ucrânia está sob lei marcial e as eleições estão suspensas desde o início da invasão em fevereiro de 2022.
Trump tentou questionar a popularidade de Zelensky, afirmando que ele tinha um índice de aprovação de apenas 4%. Entretanto, dados da BBC Verify indicam que 57% dos ucranianos confiam em Zelensky, revelando um contraste notável nas informações disponibilizadas.
As declarações de Trump também provocaram reações de líderes europeus. O chanceler alemão, Olaf Scholz, classificou de "errado e perigoso" insinuar que Zelensky não possui legitimidade democrática. Além disso, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, reafirmou seu apoio a Zelensky em um comunicado recente.
Com a recente reunião entre autoridades americanas e russas, que foi a primeira em um alto nível desde o início da invasão, a Ucrânia ficou de fora das discussões, levando Trump a questionar a capacidade da Ucrânia de iniciar o conflito. Ele sugeriu que o país poderia ter alcançado um acordo pacífico se não tivesse iniciado a guerra.
Em resposta, Zelensky respondeu às alegações de Trump, acusando a Rússia de desinformação durante a referida reunião. "Com todo o respeito ao presidente Donald Trump como líder... ele está vivendo neste espaço de desinformação", afirmou o presidente ucraniano.