O ministro Alexandre de Moraes, membro do Supremo Tribunal Federal (STF), fez uma cobrança firme ao tenente-coronel Mauro Cid durante uma audiência realizada em novembro com o intuito de analisar a validade do acordo de delação do militar. Moraes enfatizou que esta seria a "última chance de o colaborador dizer a verdade" sobre os fatos investigados, e a delação acabou sendo mantida, conforme os vídeos dos depoimentos que foram divulgados na quinta-feira.
Moraes, em sua exposição, afirmou: "Eu quero fatos, por isso que eu marquei essa audiência. Eu diria que é a última chance do colaborador dizer a verdade sobre tudo". Além disso, ele alertou Cid de que a colaboração não deve ser "seletiva" e tem por finalidade oferecer uma visão honesta dos eventos investigados. "A colaboração premiada, ela não pode ser seletiva e direcionada. Aqui, o colaborador dá os fatos. Quem analisa quem será processado ou não é o Ministério Público e a Procuradoria-Geral da República", destacou Moraes.
O ministro reiterou que a delação não deveria se restringir às perguntas que lhe eram feitas: "Não há, na colaboração, essa ideia de que só respondo o que me perguntam". No início da sessão, Moraes anunciou que a audiência tinha como objetivo permitir ao colaborador que apresentasse informações verdadeiras, prevenindo possíveis sanções legais que poderiam incluir tanto a prisão quanto o cancelamento do acordo de delação.
O ministro questionou Cid se ele estava "plenamente ciente das consequências da manutenção dessas omissões e contradições". A resposta de Cid foi positiva: "Sim, senhor".
A audiência se deu em resposta a um relatório da Polícia Federal (PF), que apontou contradições e omissões significativas no acordo de delação de Cid. De acordo com a PF, "o cotejo dos elementos probatórios identificados revela que o colaborador omitiu informações relevantes para o esclarecimento dos fatos investigados, em tentativa de minimizar a gravidade dos fatos". Inicialmente, a Procuradoria-Geral da República (PGR) chegou a solicitar a prisão do militar, mas a situação foi revista durante a audiência.
A ata da audiência se tornou pública após Moraes decidir retirar o sigilo em torno da delação de Cid. Essa decisão veio à tona em meio a uma denúncia realizada pela PGR contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro Braga Netto e mais 32 pessoas, que estariam envolvidas em uma suposta trama golpista para garantir a permanência de Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva.
Conforme a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, Bolsonaro enfrenta acusações de crimes como organização criminosa armada, golpe de Estado, e tentativa de abolição do estado democrático de direito. Os crimes de dano qualificado pela violência e a deterioração de patrimônio tombado também foram mencionados na denúncia.
A PGR alegou que Bolsonaro liderou uma organização criminosa que buscou implementar um golpe de Estado e que a responsabilidade por ações que afetaram o regime democrático recai sobre essa organização, caracterizada como autoritária e enraizada na estrutura do Estado, com forte influência de setores militares.
Esses eventos têm grande relevância para a política nacional e levantam questões importantes sobre a responsabilidade e as consequências das ações de figuras políticas em posições de destaque. A situação continua a evoluir e a atenção sobre o desdobramento das investigações e suas implicações jurídicas se faz urgente.
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