Recentemente, aproximadamente 100 imigrantes deportados pelos Estados Unidos foram encaminhados para um abrigo situado na densa selva de Darién, no Panamá. A maioria desses migrantes é composta por cidadãos asiáticos, e, nesse local, eles enfrentarão a incerteza de quando serão repatriados. As condições encontradas são descritas como primitivas, com relatos de que doenças, como a dengue, são prevalentes na região. Além disso, o acesso de jornalistas e organizações humanitárias ao abrigo foi negado pelo governo local.
Um dos deportados, Artemis Ghasemzadeh, um iraniano de 27 anos, expressou sua indignação ao descrever o abrigo. Em uma entrevista, ele afirmou: "Parece um zoológico; há jaulas com grades". Após uma longa viagem de quatro horas a partir da Cidade do Panamá, ele comentou sobre a falta de alimentação adequada, relatando que foram oferecidos apenas "um pedaço de pão velho" e que estavam sentados no chão.
O grupo de deportados inclui ainda oito crianças, conforme informações de uma fontes que preferiram não se identificar. Advogados especializados em direitos humanos apontaram que é ilegal deter pessoas em solo panameño por mais de 24 horas sem uma ordem judicial específica.
O vice-ministro das Relações Exteriores do Panamá, Carlos Ruiz-Hernández, confirmou a transferência de 97 indivíduos para o abrigo, ao mesmo tempo em que procurou minimizar a situação. Ele afirmou: "Eles não são detentos. É um campo de migrantes onde eles serão atendidos, não um campo de detenção".
Além disso, Ruiz-Hernández refutou a alegação de que existissem jaulas no local, pontuando que o campo representava a melhor solução apresentada pelo governo para abrigar os migrantes. Ele garantiu que as condições eram adequadas, mencionando que alimentações, água e serviços de saúde, tanto físicos quanto psicológicos, estavam disponíveis para os abrigados.
Na mesma linha, o ministro da Segurança Pública do Panamá, Frank Ábrego, durante uma entrevista a um programa de televisão, comentou que os migrantes estavam sendo mantidos para "sua própria proteção" e que o governo precisava de tempo para verificar a identidade deles.
A transferência dos migrantes decorre das ações de uma semana enfrentadas por 299 pessoas que chegaram aos Estados Unidos, buscando asilo. Contudo, foram enviados ao Panamá, que, sob pressão dos Estados Unidos, concordou em cooperar com o plano do ex-presidente Donald Trump de deportar milhões de estrangeiros que vivem nos EUA sem documentação.
Esse movimento faz parte de uma estratégia maior do governo Trump para lidar com os desafios migratórios ao longo de sua administração, sendo que alguns casos, como os de cidadãos afegãos, iranianos e chineses, não podem ser facilmente deportados. Por meio de uma pressão intensa, os EUA conseguiram persuadir o Panamá a aceitar um número limitado dessas pessoas
Atualmente, apenas os migrantes deportados chegaram ao Panamá como resultado dessa nova política. Contudo, aguarda-se a chegada de 200 novos migrantes na Costa Rica, com previsão de que incluam 50 crianças, conforme declaração do presidente Rodrigo Chaves.