No Festival de Berlim de 2025, o renomado cineasta Todd Haynes, que preside o júri do evento, fez um apelo contundente para que os artistas se mobilizem em resposta ao que chamou de "ataque bárbaro" do governo de Donald Trump. Haynes ressaltou que o cinema deve ser um espelho da cultura e um meio de resistência política, cobrando uma reação vigorosa contra o retrocesso social e político que se intensificou após a recente eleição presidencial nos Estados Unidos.
"Todos os filmes são políticos", afirmou Haynes, enfatizando a responsabilidade dos cineastas e da sociedade em geral para enfrentar o ambiente reacionário que se instaurou. Ele destacou que a criatividade e a expressão artística não podem ser subestimadas em tempos de crise. "Precisamos lutar de novo", disse, chamando a atenção para a importância de manter a voz crítica vigente em meio à atual conturbação política.
Além do discurso político, Haynes também dedicou parte de sua fala à presença das mulheres na indústria cinematográfica. Ele defendeu que as vozes femininas são essenciais na criação de narrativas ricas e complexas. "As mulheres têm um papel fundamental, não apenas como estrelas, mas também como produtoras e criadoras, moldando o futuro da sétima arte", destacou.
O cineasta lembrou que, historicamente, houve momentos em que a maioria dos filmes era protagonizada por mulheres, e que isso deveria ser resgatado. As personagens femininas, muitas vezes complexas e desafiadoras, são vitais para a evolução das narrativas cinematográficas, e esse aspecto deve ser cada vez mais valorizado em uma época em que o discurso reacionário se torna predominante.
Com a crescente discussão sobre o papel da inteligência artificial na arte, Haynes expressou suas preocupações sobre a aplicação da tecnologia no desenvolvimento criativo. Ele acredita que a IA pode ter seu valor em áreas como medicina e ciência, mas não na criação artística. Segundo ele, a criatividade é um processo profundamente humano, que envolve desordem e caos, algo que um computador não pode replicar. "A criação é algo que está ligado à nossa essência", completou.
Durante a entrevista, Haynes também comentou sobre a atual situação dos filmes que abordam questões LGBT, em especial em tempos de crescimento de discursos de ódio e intolerância. Ele mencionou a necessidade de retomar a luta em defesa dos direitos que foram conquistados ao longo dos anos. "Estamos enfrentando um momento atroz, especialmente para a comunidade trans e queer, e todos precisamos nos unir para enfrentar as injustiças", disse.
Ao encerrar sua fala, Todd Haynes enfatizou que o futuro do cinema depende de uma resistência contínua contra retrocessos e da inclusão de vozes diversificadas. Ele encoraja todos os artistas, cineastas e cidadãos a se unirem em prol de um cinema que não apenas entretém, mas também provoca reflexões e mudanças sociais significativas.
A mensagem de Todd Haynes ressoa como uma forte chamada à ação, convocando artistas e a sociedade a não apenas refletirem sobre a cultura atual, mas também a contribuírem para um ambiente mais justo e inclusivo, através da arte.