Deise Moura dos Anjos, a principal suspeita de ter envenenado quatro membros da família do marido, foi encontrada morta em sua cela na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba. A descoberta ocorreu na última quinta-feira, 13, e a mulher havia deixado uma carta na qual mencionava ter cometido "coisas impensadas".
De acordo com informações do chefe de polícia e delegado Fernando Sodré, as evidências apontam para a possibilidade de suicídio. No entanto, a confirmação da causa da morte depende de um laudo que está sendo elaborado pelo Departamento Médico Legal.
"Ela deixou vestígios, alguns escritos que não sabemos se eram destinados a alguém ou se eram apenas para deixar registrados. Não foram cartas elaboradas, mas são extensas. Acreditamos que se trata de suicídio, apenas aguardamos a finalização do laudo", explicou o delegado.
Sobre o conteúdo das cartas, o delegado destacou que os relatos parecem corroborar a hipótese de suicídio. "Ela mencionou que não poderia mudar seu passado, admitiu ter adquirido arsênio para preparar o bolo, mas afirmou que não o utilizou e o descartou. Também falou sobre sua depressão e como isso a levou a fazer coisas impensadas", detalhou Fernando Sodré. Ele também garantiu que a morte da suspeita não afetará a continuidade da investigação em relação ao caso do bolo envenenado.
A Delegacia de Guaíba está apurando as circunstâncias da morte de Deise, enquanto a Delegacia de Torres segue com o inquérito sobre o envenenamento que atingiu membros da família do marido dela. Até o momento, Deise é considerada a única responsável pelo envenenamento, mas não haverá indiciamento devido à sua morte.
Motivos da Deise Moura
A mulher, que estava sob tratamento para depressão, recebeu a notícia de que seu marido iniciaria um processo de divórcio um dia antes de seu falecimento. "Na véspera de sua morte, o advogado do seu marido visitou a cela e informou que o divórcio seria protocolado. Isso possivelmente teve um impacto em sua saúde mental", argumentou Sodré.
Deise havia sido presa temporariamente no dia 5 de janeiro. Após passar um mês no Presídio Estadual Feminino de Torres, sua prisão foi prorrogada pela Justiça e, em 6 de fevereiro, foi transferida para Guaíba por motivos de segurança. No dia 13, ela foi encontrada sem vida, ocupando a cela sozinha.
Entenda o caso do bolo envenenado
A mulher é acusada de envenenar com arsênio a farinha utilizada para fazer um bolo de Natal em Torres, no litoral do Rio Grande do Sul, na véspera do Natal do ano anterior. A investigação também analisa se ela possui qualquer ligação com a morte de seu sogro, Paulo Luiz dos Anjos, que faleceu em setembro após ingerir bananas e leite em pó que ele trouxe.
"Não temos dúvidas sobre a conexão entre as encomendas do veneno, seu recebimento e os horários em que Deise estava nos locais relevantes. Portanto, acreditamos firmemente que ela era a responsável pelos crimes e seria indiciada, exceto por sua morte", afirmou o delegado. O inquérito deve ser concluído e entregue à Justiça no dia 20 de fevereiro.
Segundo relatos da Polícia Civil, sete membros da família estavam juntos em uma residência dias antes do Natal, e todos começaram a passar mal após consumir o bolo que continha arsênio. Zeli dos Anjos, sogra de Deise, foi a responsável pela preparação do doce e seria o alvo principal do envenenamento. Ao todo, três mulheres faleceram algumas horas após a ingestão: Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva morreram devido a parada cardiorrespiratória, enquanto Neuza Denize Silva dos Anjos teve sua morte atribuída a "choque pós-intoxicação alimentar". Zeli sobreviveu e recebeu alta hospitalar em janeiro. Uma criança de 10 anos, que também consumiu o bolo, sobreviveu e foi liberada do hospital.
Se você ou alguém que você conhece está lutando contra pensamentos suicidas, procure a assistência de profissionais qualificados. O CVV (Centro de Valorização da Vida) está à disposição 24 horas por dia pelo telefone 188, por e-mail, chat e atendimentos presenciais em locais próximos a você.