Em uma emocionante entrevista realizada aos 17 anos, a jovem atriz Fernanda Torres compartilhou suas impressões sobre a estreia no cinema, revelando a alegria de atuar em seu primeiro filme, "Inocência", a qual foi lançada em 1983. Ela também comentou sobre suas aulas de teatro no Tablado e expressou preocupações sobre a precocidade de sua carreira: "Às vezes, tenho medo".
O início de uma carreira promissora
Em 1982, o renomado cineasta Walter Lima Jr. procurava a protagonista perfeita para seu filme, "Inocência", inspirado na obra homônima do escritor Visconde de Taunay, publicada no final do século XIX. Em um encontro inesperado na Rua Cosme Velho, no Rio de Janeiro, a sorte sorriu para ele. Lima Jr. avistou Fernanda sentada no banco traseiro de um jipe e imediatamente ficou convencido de que havia encontrado a jovem ideal para o papel.
A filha dos conceituados atores Fernando Torres e Fernanda Montenegro não era estranha ao meio artístico, tendo crescido nos bastidores dos palcos. Aos 13 anos, ela ingressou na Escola de Teatro Tablado e sua primeira apresentação foi em 1978, na peça "Tango Argentino". Já tinha experiência nas telinhas da TV, atuando em novelas como "Baila Comigo" e "Brilhante", mas a experiência no cinema ainda era um grande desejo.
A experiência de filmar 'Inocência'
"Acho que foi a experiência mais rica que já tive, com as pessoas mais ricas que já pude encontrar", declarou Fernanda na sua primeira entrevista ao Jornal O GLOBO, em 1983, quando "Inocência" já estava se destacando nas bilheteiras e recebendo críticas positivas. "Walter sabe exatamente o que quer de você e está sempre disposto a ajudar. Não se fez esse filme pensando em nada além do prazer de fazer cinema".
No longa, a atriz vive a filha de um pai autoritário, prometida a um rico fazendeiro, mas que, após contrair malária, se apaixona pelo médico que a salva, interpretado por Édson Celulari. A trama apresenta uma narrativa diferentona do cinema nacional da época, caracterizado por cenas explícitas, pois segundo Lima Jr., "Inocência" é uma história de amor com uma identidade brasileira marcada pela sutileza.
Fernanda explica que sua personagem praticamente não fala durante o filme. "É um personagem que só vai crescer, explodir, falar, através de seu amor, Cirino", analisou ela. "Quando Inocência desabrocha, tem coragem de enfrentar o pai. É uma história que vale para todos os tempos".
Reflexões sobre a carreira e vida pessoal
Mesmo com sua ascensão meteórica, Fernanda expressou reflexões sobre a pressão e as responsabilidades que vinham com a fama. "Às vezes, tenho medo, penso se tudo não está acontecendo cedo demais. Se alguma coisa não está dançando em mim, a própria vida pessoal. Você tem 17 anos, mas também em certos momentos tem 10. Que lado meu está ficando pra trás e faz falta? Eu não deveria estar numa faculdade", ponderou. "Mas nunca abdicaria do trabalho".
Durante a conversa, a jovem atriz falou abertamente sobre sua trajetória e como a atuação se tornou uma forma de expressão vital em sua vida. "Aqui em casa nunca teve esse tipo de incentivo. Eu estava meio desenturmada no colégio, o Tablado era aqui do lado da minha casa, resolvi entrar e achei incrível, senti o maior prazer de estar no palco".
Fernanda ressaltou que a atuação não era uma tentativa de seguir os passos dos pais, mas sim uma busca por se encontrar e se expressar de maneira única.
Ela também refletiu sobre a diferença entre teatro, cinema e televisão. "O ator deve saber fazer um personagem, envolver-se com ele. Quero ser camaleoa, não quero ser o Dorian Gray, parecer uma imagem, ser sempre jovem, bonita, simpática, ou ser sempre má, perversa". Além disso, destacou que o cinema e o teatro têm um encanto que a televisão não consegue oferecer: "Você desliga quando quer, você que toma conta".
A conversa aconteceu momentos antes de Fernanda se juntar à família para o jantar. Uma reunião repleta de afeto e apoio, onde cada um trazia as suas experiências e histórias, refletindo a trajetória artística da família Torres.
Fernanda Torres é um exemplo de que a arte é capaz de moldar quem somos, e sua jornada no cinema é apenas o começo de um legado de sucesso e inspiração que continua a influenciar gerações futuras.
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