Uma nova espécie de perereca descoberta no Cerrado foi batizada em homenagem a Diadorim, uma personagem marcante do romance “Grande Sertão: Veredas” de Guimarães Rosa.
A espécie, classificada como Nyctimantis diadorim, pertence ao gênero de pererecas-de-capacete e é nativa do Parque Nacional Grande Sertão Veredas, localizado na divisa entre Minas Gerais e Bahia. O reconhecimento formal da espécie foi realizado em um artigo publicado na revista científica “Herpetologica”.
O biólogo Reuber Albuquerque Brandão, um dos autores do estudo, revelou ao site “Terra da Gente” que teve o primeiro contato com essa espécie em 2011. Na ocasião, ele avistou uma fêmea, claramente pertencente ao grupo das pererecas-de-capacete, que se caracteriza pela variação nos graus de ossificação craniana.
Na obra de Guimarães Rosa, Diadorim é um jagunço que compartilha suas batalhas com Riobaldo, o protagonista da narrativa. O amor por essa obra influenciou Reuber a escolher o nome da personagem para a nova espécie de anfíbio descoberta.
A confusão entre sapos, pererecas e rãs é bastante comum. Embora todos essas criaturas pertençam à ordem dos anuros, existem diferenças notáveis entre eles. Por exemplo, enquanto os sapos têm a pele mais seca e preferem ambientes terrestres, as rãs tendem a se localizar perto de corpos d'água e as pererecas, que possuem aderência para escalar árvores, se destacam por seus discos adesivos nas patas.
O Brasil abriga uma notável diversidade de anfíbios, com mais de 8.400 espécies conhecidas globalmente, das quais 1.188 ocorrem no país. Isso faz do Brasil a nação com a maior variedade de anuros do planeta, de acordo com o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (RAN).
De acordo com informações do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), dentro do grupo dos anuros, diversas famílias como sapos, rãs e pererecas estão presentes em todos os continentes, exceto na Antártica.
Características distintas entre os anuros
Apesar das diferenças, todas essas criaturas compartilham características em comum. A respiração se dá tanto pela pele quanto pelos pulmões e, em determinadas circunstâncias, absorvem água através da região inguinal.
No que diz respeito ao sapo, ele está inserido na família Bufonidae, que apresenta cerca de 600 espécies, enquanto a maior família de rãs, Ranidae, é predominantemente encontrada no hemisfério norte.
Em algumas partes do mundo, rãs, como a Aquarana catesbeiana, são consumidas em restaurantes, sendo criadas em cativeiro e não coletadas na natureza.
A nomenclatura popular 'rã' aplicada no Brasil refere-se a uma variedade de animais que, embora semelhantes, pertencem a outras famílias como a Leptodactylidae, comum na América do Sul e Central.
Diferenciação entre sapos e pererecas
Os sapos, que são mais robustos, apresentam patas traseiras curtas, preferindo caminhar a saltar. Eles possuem glândulas parotoides responsáveis pela produção de veneno como defesa contra predadores, que o ativam ao morder.
As rãs, por sua vez, são mais aquáticas e são exímias saltadoras, ficando frequentemente em ambientes com água para escapar de ameaças.
As pererecas, com pele úmida e brilho característico, além de serem mais leves, diferem dos outros anuros devido à presença de discos adesivos em suas patas, permitindo sua escalada.
A presença de rãs, sapos e pererecas é um ótimo indicativo de um ecossistema saudável. Este grupo de anfíbios é sensível a alterações no ambiente e só consegue sobreviver em áreas não poluídas.
Em uma expedição no norte da Amazônia, pesquisadores descobriram uma nova espécie de sapo, chamada Neblinaphryne imeri, numa montanha remota. O nome homenageia a Serra do Imeri, onde o animal foi encontrado.
Essa análise foi realizada por um grupo de cientistas de instituições de renome, e o espécime foi descrito na revista Zootaxa após uma coleta de biodiversidade em uma das regiões mais preservadas do Brasil.
O Neblinaphryne imeri se destaca por seu corpo predominantemente marrom, com manchas brancas e amarelas, com os machos emitindo cantos característicos ao amanhecer e ao entardecer.
Além disso, outra espécie que ganhou atenção recentemente é o sapo-de-barriga-amarela (Bombina sp.), conhecido por suas pupilas em formato de coração, uma das muitas variações curiosas observadas em anuros.
Os investigadores ressaltam que esses sapos possuem adaptações notáveis para seu ambiente lamacento, permanecendo imóveis no inverno e emergindo na primavera para se reproduzir.