O recente anúncio de tarifas sobre aço e alumínio por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suscita preocupações sobre seu impacto nas relações comerciais com o Brasil. Lucas Ferraz, coordenador do Centro de Negócios Globais da FGV e ex-secretário do Comércio Exterior, enfatiza que o Brasil pode sofrer perdas significativas caso decida retaliar. Segundo ele, a complexidade da relação comercial entre os dois países, agora sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil, torna qualquer reação arriscada.
No dia 9 de outubro, Trump anunciou uma tarifa de 25% sobre todas as importações desses metais, o que poderia impactar diretamente as exportações brasileiras, uma vez que o Brasil é o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, respondendo por 48% de suas vendas externas no setor. Em 2024, essa relação gerou uma receita de aproximadamente US$ 5,7 bilhões para o Brasil.
Em resposta a essa medida, o governo Lula considerou a possibilidade de antecipar a taxação de grandes empresas de tecnologia norte-americanas, mas Ferraz alerta que uma escalada nas tensões comerciais poderia ser prejudicial para o Brasil. Ele argumenta que o melhor caminho seria buscar uma solução diplomática e não retaliatória, já que quaisquer medidas assimétricas colocariam o Brasil em desvantagem.
A elevação das tarifas não é uma novidade. Durante seu primeiro mandato, Trump já havia imposto taxas sobre o aço e o alumínio em 2018, com algumas alterações subsequentes. Ferraz observa que, em negociações passadas, o Brasil conseguiu estabelecer uma cota de importação, equilibrando assim seu acesso ao mercado norte-americano. O futuro, segundo Ferraz, dependerá da qualidade da comunicação entre o Brasil e os EUA para evitar escaladas desnecessárias.
Atualmente, as tarifas médias de importação no Brasil atingem 12%, enquanto a média na OCDE é de apenas 4%. Ferraz destaca que essa disparidade resulta de negociações históricas e configura uma situação desafiadora para o Brasil, que, em um contexto de mercados fechados, deve lidar com a pressão crescente do comércio internacional.
As tarifas impostas por Trump visam não apenas equilibrar a balança comercial, mas também influenciar a economia global. Especialistas, incluindo Ferraz, argumentam que a imposição de tarifas teve pouco sucesso em alcançar seus objetivos, como a geração de empregos na indústria americana, mostrando que, muitas vezes, quem acaba pagando essa conta são os consumidores norte-americanos.
Nos últimos 15 anos, as relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos têm sido marcadas por acontecimentos cruciais, com os EUA se posicionando como um dos principais parceiros do Brasil, representando cerca de 11% a 12% de suas exportações. Contudo, a China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil desde 2010, o que reflete uma mudança significativa na dinâmica comercial.
Ferraz ressalta que, com a nova política externa dos EUA, a relação comercial poderia ser menos favorável para o Brasil, especialmente em um cenário de arrecadações tarifárias mais elevadas. A percepção de Trump sobre altas tarifas de importação em países como Brasil e Índia precisa ser entendida no contexto das negociações que moldaram as tarifas globais.
O cenário atual exige uma abordagem cuidadosa por parte do Brasil. Para Ferraz, abrir um canal de diálogo com a administração americana poderia ser uma estratégia benéfica, evitando a escalada de uma guerra comercial que, segundo ele, poderia resultar em danos maiores ao Brasil do que aos EUA, dado o tamanho e a força das economias envolvidas.
A análise de Ferraz indica que o Brasil deve estar preparado para negociar e discutir alternativas que possam evitar perdas comerciais. A diplomacia se torna, portanto, uma ferramenta essencial neste novo contexto, onde a comunicação entre as nações exercerá um papel importante no futuro das relações comerciais.
Em resumo, a escalada tarifária proposta por Trump traz preocupações para o Brasil, tanto em termos econômicos quanto diplomáticos. A melhor forma de enfrentar essa situação é a negociação, com o objetivo de encontrar um equilíbrio que favoreça ambos os lados sem comprometer o crescimento econômico brasileiro.
O que você acha das tarifas de Trump e seu impacto sobre o Brasil? Compartilhe suas opiniões nos comentários abaixo!