O senador Romário (PL-RJ), ex-jogador de futebol e relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, está prestes a apresentar seu relatório final na próxima terça-feira, dia 11. Este documento crucial será divulgado quatro dias antes do término das atividades da CPI, que se conclui em 15 de fevereiro. Durante o andamento da CPI, jogadores foram convocados para depor acerca de suas possíveis participações em esquemas de manipulação que visavam beneficiar plataformas de apostas.
No relatório, Romário expõe que “a alta liquidez permite aos criminosos fazerem apostas altas sem atrair atenção indesejada e sem provocar elevação indesejada dos preços. Isso torna a fraude em larga escala mais fácil, assim como a erosão das margens das casas de apostas torna a fraude mais lucrativa.” O senador destaca que, do ponto de vista governamental, é um desafio rastrear e penalizar casas de apostas ilegais, muitas das quais operam fora do Brasil. Estima-se que cerca de 80% dessas empresas estejam localizadas em paraísos fiscais. De acordo com informações apresentadas na CPI, entre 60% e 70% do mercado de apostas esportivas é considerado ilegal.
Romário argumenta que “só com regulação seria possível controlar esses tipos de apostas.” O relatório também revela que os supostos criminosos estariam focando principalmente em goleiros, zagueiros e laterais para a manipulação dos resultados, além de clubes em que as chances de subir de divisão são reduzidas, tornando-os alvos atrativos.
O documento submetido por Romário, datado de 7 de fevereiro, inclui evidências como capturas de tela de conversas e transcrições de áudios entre jogadores e empresários. Além disso, apresenta tabelas com dados financeiros de transferências bancárias e a expectativa de três pedidos de indiciamento por suposta fraude em competições esportivas.
A CPI das Apostas foi instaurada em abril de 2024, visando investigar as denúncias e suspeitas de manipulação de resultados nos jogos de futebol brasileiro. O inquérito abrange jogadores, dirigentes de clubes e empresários. Entre os investigados estão dois jogadores da Série A: Bruno Henrique, atacante do Flamengo, e Luiz Henrique, ex-jogador do Botafogo. Bruno está sob investigação após uma operação da Polícia Federal, em novembro de 2024, por supostamente tentar receber punições em campo para beneficiar apostas realizadas por familiares. Por outro lado, Luiz Henrique é suspeito de ter recebido R$ 40 mil em transferências feita por familiares do jogador Lucas Paquetá, logo depois de ter recebido cartões amarelos enquanto jogava pelo Betis, na Espanha, no início de 2023. Em novembro, a defesa de Bruno Henrique pediu o arquivamento da investigação.