Um estudo recente, publicado na revista Science Advances, revelou que a vocalização das baleias pode ser tão eficiente quanto a comunicação entre humanos. A pesquisa, divulgada na última quinta-feira, analisou a comunicação de 16 espécies de cetáceos, incluindo golfinhos e diversas espécies de baleias.
Os resultados mostraram que, em determinados casos, os sons produzidos pelos cetáceos superam a eficiência da fala humana. Para avaliar a fluência na comunicação, os pesquisadores utilizaram duas leis linguísticas fundamentais: a lei de Menzerath e a lei de Zipf. Essas leis são utilizadas para medir a eficiência na comunicação: a primeira assegura que quanto mais longas são as palavras ou canções, mais elementos curtos, como sílabas e notas, devem estar presentes. A segunda lei propõe que a frequência de uso de elementos menores dentro da comunicação gera maior eficiência.
A pesquisa analisou um total de 65.511 sequências de canto de baleias em comparação com 51 línguas humanas. O interessante é que vocalizações de 11 das 16 espécies estudadas apresentaram a lei de Menzerath em níveis iguais ou superiores aos encontrados na fala humana. As espécies que não seguiram essa tendência foram as orcas, os golfinhos de Hector, os golfinhos de Commerson, os golfinhos de Heaviside e as baleias-francas do Pacífico Norte.
Assim, ao aplicar a lei de Zipf, a análise indicou que somente as baleias jubarte e as baleias azuis se adequaram a essa regra, sendo que apenas as jubarte mostraram os mesmos padrões de eficiência da comunicação humana.
Uma análise complementar, publicada na mesma edição da Science, por Andrew Whiten e Mason Youngblood, traça um paralelo interessante entre o canto das baleias jubarte e os padrões sonoros dos pássaros. Os autores argumentam que, apesar de essas vocalizações não transmitirem significados semânticos como as línguas humanas, o canto das baleias pode ser mais apropriadamente comparado à música humana. “O que esses paralelos importantes destacam é que os sistemas de comunicação em espécies distantemente relacionadas podem, no entanto, convergir para estruturas semelhantes, especialmente aquelas que são complexas, culturalmente aprendidas e eficazes”, afirmam os pesquisadores.
Com essas descobertas, percebe-se que a comunicação entre os cetáceos é ainda mais complexa e fascinante do que se imaginava, revelando um profundo entendimento da forma como os animais se relacionam entre si. Cada canto ou vocalização carrega significados únicos dentro das comunidades de baleias e que, de certa forma, refletem as dinâmicas sociais e culturais dessas espécies tão majestosas.
A exploração da comunicação entre as espécies marinhas continua a abrir novos caminhos para a compreensão do mundo natural, revelando que as interações entre seres vivos podem ser mais intrincadas do que se supunha. Este estudo, portanto, não apenas enriquece nosso conhecimento sobre os cetáceos, mas também nos convida a refletir sobre a importância da preservação de seus habitats naturais diante das ameaças ambientais.