Tom Zé, um dos grandes nomes do tropicalismo, compartilha sua experiência após um acidente em casa que quase lhe custou a vida. Aos 88 anos, o aclamado artista, que foi internado em agosto do último ano após uma queda que resultou em um sangramento cerebral, expressa gratidão por sua recuperação e reflete sobre sua longa trajetória na música brasileira.
Durante uma conversa rica em lembranças, o músico, que atualmente reside nas Perdizes, em São Paulo, relata como sua carreira começou em programas de calouros e com ícones como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Acompanhado por sua esposa e empresária Neusa Martins, Zé discute também seu novo projeto musical inspirado na Amazônia.
Vestido com uma camiseta do estilista Ronaldo Fraga, ele recorda seus primeiros passos na música e o impacto que encontros com outros artistas tiveram em sua carreira. O artista menciona uma experiência marcante em sua juventude, quando observou um vendedor de remédios em sua cidade natal, Irará. “Eu tomei nota de como ele interagia com o público, e isso me ajudou a perder o medo de me apresentar”, diz.
Questionado sobre sua forma única de criar, Tom Zé destaca sua habilidade em subverter expectativas. “No início da minha carreira, eu apresentava músicas que eram vistas como absurdas para a época”, recorda. Um de seus sucessos iniciais, o programa de TV chamado "Escada para o Sucesso", trouxe uma ironia ao seu tema, "Rampa para o Fracasso", que, para sua surpresa, se tornou popular.
O cantor também menciona como sua música chamou a atenção do norte-americano David Byrne, líder da banda Talking Heads, que o ajudou a lançar suas composições fora do Brasil. “Ele ficou impressionado com o que ouviu e logo me convidou para lançar meu trabalho no selo Luaka Bop.” A parceria levou Zé a realizar shows nos Estados Unidos e na Europa, algo que ele descreve como um verdadeiro conto de fadas em sua carreira.
A música de Tom Zé também aparece como um meio de crítica social e política. Ele cita a canção "Vai (Menina Amanhã de Manhã)", que, embora sutil, aborda a realidade do regime militar brasileiro. Zé disse, “a letra reflete a verdadeira situação sob a ditadura, mesmo que de forma delicada.”
Falando sobre seu casamento de 55 anos com Neusa, ele revela que ela é uma fonte constante de apoio e inspiração em sua carreira. “Quando tenho uma ideia nova, apresento a ela. Se ela não achar que é bom o suficiente, eu descarto”, conta.
Além da música, Tom Zé compartilha a importância da natureza em sua vida e saúde mental. Após anos de terapia, ele encontrou na jardinagem uma forma de cuidar de si mesmo. “Passei a trabalhar com as rosas do meu jardim e isso se tornou minha terapia”, explica.
Atualmente, ele dedica suas criações a temas que envolvem a natureza. “Estou estudando a Amazônia e criando músicas sobre como a preservação das florestas é vital para a sobrevivência da humanidade”, diz. Ele acredita que “Jesus Cristo nasceu na Amazônia e que temos que salvar as florestas para salvar o futuro.”
Questionado sobre sua rotina, Tom Zé menciona a caminhada que faz diariamente por seu apartamento, onde passa quase duas horas para relaxar. Com um sorriso, ele conclui compartilhando seu amor pela música e por sua relação com o público. “A vida é cheia de altos e baixos, mas uma coisa eu aprendi: sempre vale a pena a busca pela arte e pela conexão com as pessoas.”
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