Nuvem de gás gera preocupação após ataque em usina russa

Nesta quarta-feira (5), o governador da região de Astrakhan, Igor Babushkin, fez um apelo aos habitantes para que não entram em pânico, após a principal cidade da área, localizada próxima a um grande complexo químico de gás, ser coberta por uma nuvem de gás natural. O fenômeno ocorreu após um ataque por drones ucranianos à usina, que se deu ao longo desta semana. Babushkin explicou que o odor sentido pela população é resultado de esforços para reiniciar a produção na planta, situada no sul da Rússia, que abriga cerca de 475 mil residentes. O ataque aconteceu na segunda-feira (3).

De acordo com o governador, "caros cidadãos, nesta manhã, a cidade foi coberta por uma nuvem de gás natural, que possui um cheiro característico, resultante do processamento". Ele usou o aplicativo de mensagens Telegram para comunicar a situação.

As tropas ucranianas têm realizado ataques a instalações de energia no sul da Rússia usando drones em uma escalada do conflito. O ataque que atingiu a usina gerou um incêndio em um depósito de petróleo nas proximidades. Enquanto isso, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, manifestou sua disposição de conversar com Vladimir Putin para buscar um fim para a guerra.

Babushkin informou que "especialistas estão trabalhando na restauração e iniciaram a produção novamente esta manhã. A atual fase inicial inclui ajustes e a ativação da queima de flare". Embora não tenha detalhado qual produção estava sendo reestabelecida, três fontes da indústria revelaram à Reuters que a *Astrakhan Gas Processing Plant* provavelmente interromperia a produção de combustível para motores por vários meses.

Segundo o governador, alguns flares de gás foram apagados durante a interrupção das operações da usina após o ataque. O seu reinício envolveu a liberação de gás, que foi então "aceso, como em um fogão a gás doméstico". Ele ainda mencionou que o serviço meteorológico indicava que a nuvem de gás se afastaria da área urbana em breve. Para tranquilizar a população, afirmou que "o gás natural não é perigoso para a saúde em espaços abertos – em breve, a qualidade do ar se normalizará". Adicionalmente, alertou que "nos próximos dias, antes que a usina retorne ao funcionamento normal, situações semelhantes podem ocorrer" e pediu que não houvesse pânico.

No entanto, a reação de muitos moradores nas redes sociais foi de sarcasmo. Um internauta comentou: "Veja bem, o gás natural não é perigoso. Respire fundo", enquanto outro escreveu: "A distância entre Aksaraisk (onde está localizada a usina) e Astrakhan é de 60 km! O cheiro é forte, e as vilas mais próximas da usina?". Vale ressaltar que o complexo de Astrakhan é um dos maiores do mundo na indústria química de gás, tendo processado 1,8 milhão de toneladas de condensado de gás estável e produzido 800 mil toneladas de gasolina, 600 mil toneladas de diesel e 300 mil toneladas de óleo combustível apenas em 2024, conforme informações do setor.

Para contextualizar, a guerra entre Rússia e Ucrânia teve início em fevereiro de 2022, quando forças russas invadiram a Ucrânia pela fronteira russa, pela Crimeia e através de Belarus. Apesar de os militares leais a Putin conquistarem avanços rápidos nos primeiros dias, os ucranianos conseguiram manter o controle sobre Kiev, que também sofreu bombardeios. A invasão foi amplamente condenada mundialmente, resultando em sanções econômicas contra o Kremlin.

Até outubro de 2024, após um grande número de vítimas, o conflito na Ucrânia se tornou, segundo analistas, o mais perigoso até este momento. As tensões aumentaram significativamente quando Putin ordenou o uso de um míssil hipersônico de alcance intermediário durante um ataque em solo ucraniano, utilizando ogivas convencionais, mas com a capacidade de carregar material nuclear. O lançamento ocorreu após ofensivas ucranianas em território russo, equipadas com armamentos fornecidos por países ocidentais como EUA, Reino Unido e França. A inteligência ocidental também alega que a Rússia tem utilizado tropas da Coreia do Norte no combate, embora tanto Moscou quanto Pyongyang não confirmem nem neguem tal informação.

Putin, que alterou recentemente seu ministro da Defesa, declarou que as forças russas estão avançando com mais eficácia e garantiu que a Rússia alcançará seus objetivos na Ucrânia, sem fornecer detalhes adicionais. Por sua vez, Zelensky acredita que os principais alvos de Putin incluem a total ocupação da região de Donbass, composta por Donetsk e Luhansk, assim como o deslocamento das tropas ucranianas da região de Kursk, na Rússia, que têm controle sobre partes desde agosto.