Pesquisadores da Universidade Estadual de Montana (MSU) descobriram mais de 30 árvores com aproximadamente seis mil anos no Planalto Beartooth, localizado em Wyoming, nos Estados Unidos.
Essas árvores fazem parte de uma antiga floresta de pinheiros de casca branca, que estava preservada sob uma camada de gelo alpino nas Montanhas Rochosas.
Os detalhes dessa descoberta foram divulgados no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, no final de dezembro de 2024.
Segundo os cientistas, uma das principais razões para o desaparecimento dessa floresta foi a diminuição da radiação solar durante os verões, há cerca de 5.500 anos.
Esse resfriamento forçou as árvores a se estabelecerem em altitudes mais baixas, transformando o que antes era floresta de alta montanha em tundra alpina, que predomina atualmente na região.
O professor associado David McWethy, do Departamento de Ciências da Terra da MSU e coautor do estudo, apresentou outra explicação importante para essa mudança. Segundo ele, atividades vulcânicas no Hemisfério Norte também contribuíram para a queda das temperaturas, levando ao rápido congelamento da floresta de pinheiros.
Nos últimos anos, o aquecimento da região provocou o derretimento da camada de gelo, revelando assim os vestígios da floresta antiga.
“Esta é uma evidência bastante dramática de mudança de ecossistema devido ao aquecimento da temperatura”, comentou o professor.
Os cientistas ressaltam que as manchas de gelo, ao contrário das geleiras, acumulam gelo de forma lenta e contínua. Isso resulta na preservação de materiais como pólen, carvão e macrofósseis.
O estudo aponta que o Planalto Beartooth é um local favorável para a formação e a preservação de manchas de gelo, que contêm informações valiosas sobre o clima do passado, as mudanças ambientais e a atividade humana.
Os resultados da pesquisa sugerem que o aquecimento atual pode induzir as árvores a se expandirem para áreas de maior altitude, que agora estão cobertas por tundras.
Greg Pederson, paleoclimatologista do Northern Rocky Mountain Science Center do US Geological Survey e principal autor do artigo, enfatizou que a temperatura é o fator determinante para a elevação da linha de árvores. No entanto, fatores como umidade, vento, neve e até mesmo o impacto humano também têm influência nesse fenômeno.
Os autores do estudo alertam que as mudanças no ecossistema podem provocar consequências significativas, como a diminuição da neve em elevadas altitudes, o que afeta diretamente o fornecimento de água para irrigação e geração de energia elétrica.
“Por isso, estudos sobre mudanças ecológicas passadas são mais do que apenas curiosidades científicas. Eles têm repercussões muito maiores para os recursos dos quais dependemos”, destacou Pederson.
A cordilheira onde as árvores foram descobertas se estende por grande parte da América do Norte, abrangendo províncias canadenses como a Colúmbia Britânica e Alberta, bem como estados norte-americanos como Idaho, Montana, Colorado e Novo México.
A Beartooth Highway, uma estrada que cruza o planalto, é considerada uma das rotas cênicas mais impressionantes dos Estados Unidos e é muito frequentada por aventureiros em busca de atividades como escalada, pesca e trilhas.
Wyoming, onde a descoberta ocorreu, tem uma população de pouco menos de 600 mil habitantes e é conhecido por suas extensas paisagens naturais. Cheyenne, a capital e maior cidade do estado, foi fundada em 1867.
Além disso, o estado abriga locais icônicos, como o Parque Nacional de Yellowstone, famoso por seus gêiseres e rica vida selvagem.