Mistérios marítimos sempre despertaram a curiosidade do público, mas o Triângulo das Bermudas se destaca como um dos mais intrigantes. Esta região, cercada de especulações e lendas, é famosa mundialmente por seus desaparecimentos inexplicáveis.
Um dos incidentes mais emblemáticos ocorreu há quase 79 anos, quando uma esquadrilha com cinco aviões da Marinha dos EUA desapareceu sem deixar rastros no Oceano Atlântico. Em 5 de dezembro de 1945, sob o comando do experiente capitão Charles Taylor, os aviões decolaram da base de Fort Lauderdale, com um total de 14 homens a bordo, para uma simulação de ataque com torpedos.
Apesar das condições meteorológicas favoráveis, 90 minutos após a decolagem, o capitão contatou a base informando que estava perdido. O interessante é que as bússolas de todos os cinco aviões falharam, e o capitão relatou estar em um local desconhecido e sem conseguir ver o sol.
As operações de resgate foram intensificadas, e um hidroavião de resgate, o Mariner, foi enviado, mas acabou desaparecendo também. Em novas buscas, centenas de aviões participaram das operações, mas até hoje nada foi encontrado.
A área, que compreende mais de 1,1 milhão de km², é delimitada por três vértices: Bermudas, Porto Rico e a Flórida. Neste espaço, pelo menos 50 navios e 20 aviões desapareceram ao longo do século XX sem nenhuma explicação plausível.
Dentre as explicações que surgiram para tentar esclarecer os fenômenos da região estão furacões, sismos, ondas gigantes, erupções de gás metano, magnetismo anômalo e até intervenção de extraterrestres.
Uma das narrativas mais conhecidas afirma que o Triângulo abriga o reino perdido da Atlântida, a famosa cidade da Grécia Antiga que, segundo a lenda, afundou e ainda carrega uma maldição.
As lendas não param por aí; os antigos habitantes das Bahamas também alimentam histórias de monstros marinhos que habitariam as cavernas profundas do oceano, consumindo embarcações.
Pesquisadores têm buscado elucidar os desaparecimentos, realizando expedições submarinas para encontrar destroços de aviões e navios. Usando mapas detalhados e dados históricos, eles esperam cruzar informações que ajudem a elucidar o mistério.
Recentes mergulhos de especialistas resultaram na identificação de um avião caído, um Sky Warriors A3, utilizado pela Marinha na década de 1960. A estrutura do avião, incluindo ângulo das asas e fuselagem, corroborou a identificação, de acordo com os registros de uma queda na região.
Uma das abordagens atuais para investigar os segredos do Triângulo das Bermudas inclui o uso de sonar, que lança ondas sonoras para mapear o fundo do mar. Em 2020, uma descoberta surpreendente ocorreu quando o SS Cotopaxi, um navio que desapareceu em 1925, foi encontrado na costa da Flórida. O navio mercante estava a caminho de Cuba quando desapareceu com 32 pessoas a bordo.
A descoberta, feita por biólogos marinhos e divulgada no Science Channel, exigiu um extenso trabalho de pesquisa em bibliotecas para rastrear os registros históricos necessários.
Em 1977, o Cotopaxi já havia sido apresentado no filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau, de Steven Spielberg, que insinuou que o navio tinha sido virtualmente transportado por extraterrestres.
O fenômeno do Triângulo das Bermudas foi amplamente disseminado pelo livro O Triângulo das Bermudas, publicado em 1974. O autor, Charles Berlitz, um renomado linguista e pesquisador, abordou as lendas que cercam a região, transformando o livro em um best-seller e vendendo quase 20 milhões de cópias em mais de 30 idiomas.
A série da Netflix, 1899, também se inspira nas intrigas marítimas. Exibida em 18 de novembro, a produção dos criadores de Dark, Baran bo Odar e Jantje Friese, apresenta um navio de imigrantes que se desvia de sua rota em busca de uma embarcação perdida que começa a emitir sinais.
Além das lendas e dos mistérios, a região das Bahamas, que abrange o Triângulo, apresenta fenômenos geológicos variados, como redemoinhos e os famosos buracos azuis, cavidades submarinas impressionantes. Cientistas também notaram a presença de nuvens hexagonais na área, que causam chuvas intensas, algo considerado normal por especialistas.
Graças aos avanços tecnológicos, aviões e navios atualmente podem navegar pela região com sistemas de monitoramento sofisticados, como a geolocalização, uma inovação que não estava disponível no passado, o que pode ter contribuído para os numerosos desaparecimentos que intrigam até hoje.