BRASÍLIA - Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, expressou sua insatisfação com a atitude de alguns parlamentares que, ao longo dos dois primeiros dias de atividade do Congresso Nacional, utilizaram bonés como forma de manifestação política.
Ele destacou que, na sua visão, "esses itens servem apenas para proteger a cabeça do sol, e não para resolver os problemas do País". Motta enfatizou a importância de focar em soluções para os desafios brasileiros em vez de se distrair com adereços, perante o cenário político atual.
O uso dos bonés se intensificou durante as eleições para os novos presidentes da Câmara e do Senado Federal. Durante a primeira sessão, ministros licenciados do governo Lula foram vistos com bonés azuis ostentando a inscrição "O Brasil é dos brasileiros". O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, informou que a ideia da mensagem veio do novo secretário de Comunicação da Presidência, Sidônio Palmeira. "Pedi para o Sidônio pensar uma frase, e ele conseguimos algo que foi um verdadeiro sucesso", afirmou Padilha.
Até o momento, mais de 100 bonés de diversas cores foram produzidos e distribuídos entre os parlamentares apoiadores do governo. Além disso, os membros do governo realizaram suas próprias criações de bonés. Por exemplo, deputados do PSOL e do PT usaram modelos nas cores verde e amarelo, que representam a bandeira nacional.
Em resposta, a oposição introduziu seus próprios bonés nesta segunda-feira, 3. O novo líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, mandou fazer 30 bonés branco e verde-amarelo contendo a frase: "Comida barata novamente. Bolsonaro 2026?". A oposição também adicionou críticas com paródias de produtos, como uma mistura de marca de café chamada de "Nemcafé" e uma embalagem de carne com foto de Bolsonaro, inscrevendo "Picanha Black".
Sóstenes, que desenvolveu a ideia no dia anterior, esclareceu que seu grupo buscava dar uma resposta direta à iniciativa governista. Ele também relatou a distribuição dos bonés em seu gabinete, ressaltando sua mensagem: "Comida barata novamente, Bolsonaro 2026. Ninguém aguenta mais pagar café caro. Nem picanha nem café!".
Durante a sessão do dia, apoiadores de Bolsonaro não perderam a oportunidade de provocar o presidente Lula, entoando: "Lula, cadê você? O povo brasileiro precisa comer". Este ato gerou reações de reprovação por parte do novo presidente do Senado e do Congresso, Davi Alcolumbre. Ele pediu respeito e cordialidade em um momento que considerou muito importante para a história democrática do Brasil.
Nesta terça-feira, 4, Lula também se uniu ao debate, postando em suas redes sociais uma foto onde aparece usando o boné com a frase "Brasil é dos brasileiros", interagindo assim na simbologia que tomou conta do discurso político nas últimas sessões.