Pesquisadores da Universidade de Heidelberg realizaram uma investigação sobre a contaminação por chumbo na Grécia Antiga, coletando núcleos de sedimentos no Mar Egeu e na costa grega. Os resultados indicam que a poluição por chumbo causada por atividade humana remonta a aproximadamente 5.200 anos, muito anterior às estimativas anteriores.
Além desse estudo, outros dados coletados sobre o pólen presente nos sedimentos ofereceram uma visão ampliada sobre como as economias e sociedades da antiguidade foram alteradas por ações humanas, como a mineração. Esses dados também sinalizam eventos históricos marcantes, como a conquista da Grécia pelos romanos.
Para a pesquisa, foram obtidos 14 núcleos sedimentares ao longo do leito marinho do Mar Egeu e nas regiões costeiras da Grécia, sendo que a amostra mais antiga de contaminação ambiental por chumbo foi recolhida em uma turfeira, datando de 5.200 anos, o que revela que essa poluição é muito anterior às referências históricas previamente conhecidas.
O chumbo encontrado nos sedimentos é frequentemente liberado durante a produção de prata e outros produtos, o que sugere que níveis elevados desse metal pesado são indicativos de transformações socioeconômicas. O estudo incluiu também análises de pólen, que ajudam a identificar o uso do solo naquela época, permitindo que os pesquisadores determinassem a transição de sociedades agrícolas para economias monetárias.
Conforme indicam os cientistas, as concentrações de chumbo aumentaram de forma significativa há 2.150 anos, um período que coincide com um intenso desmatamento e a expansão da agricultura, como evidenciado pelas amostras de pólen. Esse aumento é próximo ao tempo em que os romanos conquistaram a Grécia Helenística, aproveitando os recursos da região e intensificando a mineração de metais como ouro e prata, além de necessitarem de madeira para o processamento dos minerais.
Os núcleos sedimentares foram coletados durante expedições realizadas pelos navios de pesquisa METEOR e AEGAEO entre os anos de 2001 e 2021. Essa pesquisa contou com a colaboração de uma equipe internacional de cientistas, que inclui acadêmicos de várias universidades da Alemanha e da Grécia.