O El Salvador propôs abrigar "criminosos perigosos" de diversas partes do mundo que forem deportados pelos Estados Unidos. Essa informação foi divulgada pelo Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em uma declaração feita no último dia 3, após conversas prolongadas com o presidente salvadorenho, Nayib Bukele.
Rubio, que estava em sua primeira missão no exterior como principal representante da diplomacia americana, está em busca de apoio entre os países da América Central para auxiliar nas iniciativas do governo Trump relacionadas à deportação de uma grande quantidade de migrantes.
Durante uma reunião de quase três horas na residência de Bukele, localizada à margem do Lago Coatepeque, o presidente salvadorenho concordou em ir além da aceitação de deportados de El Salvador. O encontro teve como foco a questão da migração e o combate a gangues que atuam na região.
“Qualquer imigrante ilegal nos Estados Unidos que seja um criminoso perigoso, seja da MS-13, Tren de Aragua ou de outros grupos, ele ofereceu suas prisões para que possamos enviá-los e ele os manterá em suas instalações”, afirmou Rubio, referindo-se ao acolhimento de membros de facções criminosas.
Além de simplificar o processo para que os EUA reenviassem deportados para seus países, Rubio exprimiu a necessidade de estabelecer acordos com "terceiros países", onde nações aceitam cidadãos de países que não desejam receber deportados, como Cuba e Venezuela. Esses países mantêm, historicamente, relações tensas com os EUA e têm limitado o recebimento de deportados. Contudo, Trump declarou que Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, concordou em aceitar os cidadãos de seu país de volta.
Bukele também se dispôs a oferecer abrigo a criminosos perigosos que sejam cidadãos dos EUA ou residentes legais, embora não esteja claro se os Estados Unidos aceitariam essa proposta. Vale lembrar que a deportação de cidadãos americanos é ilegal segundo as normas vigentes nos EUA. Mais detalhes sobre esse possível acordo devem ser revelados em breve, conforme comentou Rubio.
O presidente salvadorenho expressou sua oferta em uma postagem realizada na plataforma X, destacando que teria proporcionado aos Estados Unidos "a oportunidade de terceirizar parte de seu sistema prisional". Bukele afirmou estar disposto a aceitar apenas criminosos condenados, incluindo cidadãos americanos, em um projeto de mega-prisão, em troca de uma taxa.
“Essa taxa seria relativamente baixa para os Estados Unidos, mas significaria bastante para nós, tornando todo o nosso sistema prisional sustentável”, ressaltou o presidente salvadorenho.
O governo Trump vê Bukele como um aliado importante em suas estratégias de controle migratório na região. Sob sua administração, uma repressão severa tem sido implementada, resultando na prisão de mais de 80 mil pessoas e na redução significativa da taxa de homicídios. As políticas de segurança adotadas por Bukele são elogiadas por Washington, que acredita que ajudaram a diminuir o número de salvadorenhos que tentam entrar ilegalmente nos Estados Unidos.
Desde que assumiu a presidência em 20 de janeiro, a administração Trump intensificou as deportações de migrantes enviados para a América Latina, inclusive utilizando aviões militares para as repatriações.