Defesa pede transferência de hacker por ameaças
A defesa de Walter Delgatti, conhecido como o hacker de Araraquara, está solicitando sua transferência para a Penitenciária 2 de Tremembé, apelidada de "presídio dos famosos", devido a alegações de que ele tem sofrido "sérias e frequentes ameaças" e, portanto, estaria em "risco de vida".
O pedido foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que já requisitou informações à Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo sobre a segurança oferecida ao detento no Centro de Detenção Provisória de Araraquara. A defesa argumenta que a mudança é necessária, dado o histórico e a visibilidade do caso de Delgatti, que está preso após tentativa de invasão de celulares de autoridades da Lava Jato e a divulgação não autorizada de conversas.
Os advogados afirmam: "A escolha deste estabelecimento se justifica por abrigar detentos de casos de maior repercussão, no que se encaixa o perfil do acusado. Assim, presume-se melhor preparada para preservar a integridade do custodiado, no período em que permanecer recolhido".
A Procuradoria-Geral da República (PGR) está avaliando a situação e destaca que qualquer decisão sobre a troca de estabelecimento depende da análise do administrador da unidade onde Delgatti se encontra atualmente. A PGR também observou que a transferência deve levar em conta os princípios de finalidade, impessoalidade e segurança pública.
O prazo estipulado por Moraes para que a Secretaria de Administração Penitenciária se manifeste é de dez dias. Dentro desse período, deverá ser avaliada a realidade da segurança do prisioneiro, bem como a viabilidade da transferência para a Penitenciária 2 de Tremembé.
Walter Delgatti Neto já foi sentenciado a 20 anos e 1 mês de prisão no âmbito da Operação Spoofing, que investiga o vazamento de mensagens entre autoridades ligadas à Lava Jato. A operação, deflagrada em 2019, centrou-se na invasão e interceptação de comunicações privadas usando o aplicativo Telegram, envolvendo, entre outros, o então ministro Sérgio Moro. Antes de assumir um cargo no governo de Jair Bolsonaro, Moro foi o juiz responsável pela Lava Jato na primeira instância da Justiça Federal em Curitiba.
Além das acusações relacionadas à Operação Spoofing, Delgatti também enfrenta outras investigações. Uma delas examina a suspeita de que ele teria recebido pagamento da deputada Carla Zambelli (PL-SP) para invadir sistemas do Judiciário.
A situação de Walter Delgatti levanta questões importantes sobre a segurança de prisioneiros famosos e a eficácia do sistema penitenciário brasileiro, especialmente em casos de repercussão nacional. Aguarda-se a resposta das autoridades sobre o futuro do hacker e seu bem-estar dentro do sistema prisional.
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