A noite de 12 para 13 de novembro de 1833 marcou um momento extraordinário na história da astronomia. Aquela noite foi tão iluminada que muitos testemunhas afirmaram que parecia dia em várias partes dos Estados Unidos. Para descrever o acontecido, algumas tribos originárias norte-americanas relataram que era a 'noite em que as estrelas caíram'. O fenômeno foi causado pela intensa chuva de meteoros Leônidas, que se destacou por sua magnitude, fazendo com que fosse mais apropriado chamá-la de 'tempestade'.
A chuva de meteoros Leônidas acontece anualmente em meados de novembro, apresentando alguns dos meteoros mais rápidos conhecidos, que alcançam velocidades de até 71 km/h, formando rastros brilhantes no céu. Normalmente, durante o pico desse fenômeno, é possível observar entre 10 e 15 meteoros por hora, sob condições ideais. No entanto, a noite de 1833 foi excepcional, com pesquisadores estimando que cerca de 70 mil meteoros cruzaram o céu a cada hora, totalizando aproximadamente 240 mil meteoros ao longo de nove horas. Aquela visão era tão impactante que moradores acordaram e chamaram vizinhos para compartilhar a cena.
O evento foi tão impressionante que algumas pessoas pensaram que era um sinal do fim dos tempos. Um fazendeiro, aterrorizado, exclamou: 'O mundo está acabando, as estrelas estão caindo', e não teve tempo nem de se vestir, queriam se esconder em casa. Joseph Smith, líder da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, teve uma reação oposta e ficou maravilhado com o espetáculo, descrevendo: 'Eu me levantei, e para a minha grande alegria, as estrelas caíram do céu como uma chuva de pedras sagradas'. Em seus registros, Smith apontou que podia-se ver 'grandes rastros de luz seguindo sua trajetória, que se assemelhavam a grandes gotas de chuva na luz do Sol'.
No século XIX, a origem científica das chuvas de meteoros não era bem compreendida, e os astrônomos da época não sabiam que esses eventos eram geralmente consequências de cometas. Como resultado, muitos buscaram explicações religiosas para o que presenciaram.
A tempestade de 1833 não levou ao apocalipse, como alguns acreditavam, mas foi fundamental para o desenvolvimento da astronomia moderna, especialmente em pesquisas relacionadas aos meteoros. Denison Olmsted, professor da Universidade de Yale, dedicou-se ao estudo do evento e, em 1834, publicou um artigo na revista American Journal of Science and Arts, sugerindo que os meteoros se originavam de fora da atmosfera terrestre.
Mais tarde, em 1866, houve uma nova manifestação da tempestade, embora com menor intensidade, que levou os cientistas a especularem sobre a possibilidade de que o fenômeno fosse causado por um cometa. Atualmente, sabemos que os meteoros Leônidas são provenientes do cometa periódico 55P/Temple-Tuttle, que leva 33 anos para completar uma órbita em torno do Sol. Este cometa foi descoberto em 1865 pelos astrônomos Wilhelm Tempel e Horace Parnell Tuttle.
Outro evento importante ocorreu em 1966, quando várias testemunhas no sudeste dos Estados Unidos relataram ter observado até 50 meteoros a cada segundo, o que equivale a cerca de 3 mil meteoros por minuto, no dia 17 de novembro.