Alicia Dudy Muller Veiga, condenada pela Justiça de São Paulo por estelionato após desviar aproximadamente R$ 927 mil da celebração de formatura da turma de Medicina da USP em 2022, conseguiu registrar-se no Conselho Federal de Medicina (CFM). A busca pelo nome de Alicia no site oficial do órgão revela que sua matrícula está ativa desde 26 de dezembro do ano passado, embora sem especialidade registrada, apresentando-se como 'regular'.
A condenação ocorreu em julho do ano passado, na 7ª Vara Criminal da Capital, onde Alicia foi sentenciada por crimes de estelionato, que o juiz considerou 'praticado de forma continuada por oito vezes'. A pena foi fixada em cinco anos de reclusão, em regime semiaberto, além de uma ordem de indenização às vítimas pelo mesmo montante do prejuízo causado. O juiz Paulo Eduardo Balbone Costa enfatizou a gravidade das ações de Alicia e a confiança que ela havia conquistado entre seus colegas, o que agravou a situação.
Segundo a denúncia, Alicia, apelidada de 'a golpista da USP' pelos colegas, usou sua posição de presidente da comissão de formatura para solicitar à empresa organizadora que os pagamentos dos alunos fossem direcionados a uma conta bancária sob sua titularidade, ocultando essa informação dos outros membros da turma. A investigação revelou que o dinheiro desviado foi gasto em aquisições pessoais, como celulares e relógios, além de aluguel de veículos, hospedagens em hotéis e aplicações financeiras.
Ao julgar o caso, o juiz Balbone Costa apontou a 'acentuada reprovabilidade da conduta', considerando o impacto financeiro que se aproximou de R$ 1 milhão. Ele manifestou que 'a ré se prevaleceu de sua condição de presidente da comissão de formatura para engendrar um plano destinado a se apossar do produto arrecadado ao longo de meses, com a contribuição de dezenas de colegas, a fim de obter lucro para si com a aplicação especulativa daquele capital. Traiu a confiança de seus pares, desviando recursos que pertenciam aos colegas de turma, o que revela maior opróbrio do que a prática de estelionato contra vítima a quem não se conhece'.
O desfecho do caso causou grande revolta na comunidade acadêmica e gerou discussões sobre o tema nas redes sociais. Apesar da condenação, Alicia Dudy Muller Veiga mantém sua inscrição ativa no CFM, o que levantou questões sobre os critérios utilizados pelo órgão regulador para registrar profissionais com antecedentes criminais. Até o momento, a defesa da médica não se manifestou publicamente sobre a situação, e o CFM também não divulgou uma nota oficial sobre o tema.