O Jardim Pantanal, situado na Zona Leste de São Paulo, enfrenta uma situação crítica com ruas inundadas pelo segundo dia consecutivo. Neste domingo (2), o local amanheceu debaixo d'água, impedindo a passagem de carros e ônibus, além de invadir residências da região.
Este subdistrito, que se localiza na chamada área de várzea do rio Tietê, tem sido o mais afetado pela cheia do rio, que transbordou na madrugada de sexta-feira (31). A problemática das enchentes na área não é recente, sendo que a população sofre com essa situação desde os anos 80.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) declarou no sábado (1º) que, em vez de grandes intervenções na região, a prefeitura priorizará a remoção dos moradores. Tereza Gomes, uma dona de casa que reside na área há 30 anos, expressou sua preocupação em meio a essa crise. "Nunca aconteceu de estar desse jeito. Espero que o poder público faça algo para nós," desabafou.
Outro morador, Wanderson Gonçalves da Costa, relatou as dificuldades pessoais devido à situação: "Na verdade, eu nem sei como está lá. A chuva nem foi tão forte, mas a água não baixa há dois dias. Muitas pessoas perderam seus móveis e até casas." A chuva, que voltou a atingir a capital paulista na noite de sábado (1º), fez com que a cidade todo entrasse em estado de atenção para alagamentos, conforme o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE).
Infelizmente, a tragédia também fez vítimas. Na Vila Prudente, um motorista de aplicativo perdeu a vida afogado após tentar atravessar uma rua alagada, o que gerou uma pane em seu carro.
A Prefeitura de São Paulo tomou a iniciativa de interditar um terreno de 2.500 metros quadrados que foi aterrado ilegalmente às margens do Rio Tietê no Jardim Pantanal. A gestão municipal afirma que o lixo e a terra cobriram o rio, intensificando os alagamentos durante a forte chuva de sexta-feira para sábado.
Em coletiva de imprensa, o prefeito Nunes comentou sobre a situação de Pantanal, destacando que a região já foi objeto de remoção de famílias no passado, e que a atual alternativa é a construção de um dique que irá custar mais de R$ 1 bilhão. "Se você dividir isso pelo número de casas que existem aqui, fica mais viável retirar as pessoas," acrescentou.
O Jardim Pantanal compreende uma área de várzea que se estende por nove bairros na Zona Leste de São Paulo, fazendo divisa com Guarulhos. A região deveria ser uma Área de Proteção Ambiental (APA), impedindo construções, mas, devido à ocupação irregular, muitas famílias residem ali. Os primeiros habitantes chegaram na década de 80, e o cenário se agravou no início dos anos 2000 com o aumento das ocupações.
Os alagamentos são frequentes e, em uma das maiores cheias, em 2009, o bairro ficou submerso por mais de 20 dias. Em 2020, foi realizada a entrega de uma barreira pelo governador João Doria para minimizar as cheias na região.
Recentemente, o prefeito Ricardo Nunes mencionou que R$ 400 milhões serão destinados a obras, incluindo drenagens que buscam prevenir futuras enchentes. Uma das melhorias proposta pela gestão atual foi a construção de um pôlder na confluência das ruas Serra do Grão Mogol e Tite de Lemos para melhorar a drenagem.
No entanto, essa obra, que começou em janeiro de 2023, deveria ter sido concluída em 150 dias, mas ainda não foi finalizada. O g1 buscou esclarecimentos sobre o atraso, mas não obteve resposta da prefeitura até o momento.
A situação no Jardim Pantanal continua a exigir atenção urgente das autoridades para prevenir novos desastres e proporcionar melhores condições de vida para os seus moradores.