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A intrigante história do último cidadão soviético no espaço

Por Redação TN
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Em uma das histórias mais fascinantes da exploração espacial, o cosmonauta Sergei Krikalev viveu uma experiência inusitada em 1991. Durante uma missão na estação Mir, ele se viu 'abandonado' no espaço em meio ao colapso da União Soviética.

Krikalev partiu na espaçonave Soyuz TM-12, acompanhado do cosmonauta Anatoly Artsebarsky e da britânica Helen Sharman. A missão, que deveria durar cinco meses, focava em reparos e melhorias na estação espacial Mir, localizada a cerca de 400 km da Terra.

O lançamento ocorreu no cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, e teve um início rotineiro. A britânica Helen Sharman permaneceu na estação apenas por uma semana, retornando à Terra enquanto Krikalev e Artsebarsky continuavam em órbita.

Então, um evento histórico alterou o curso da missão: a dissolução da União Soviética. O processo trouxe uma série de mudanças políticas, resultando na independência de 15 repúblicas. Por conta desse tumulto, Krikalev se viu 'aprisionado' na estação, pois os planos originais haviam sido drasticamente alterados.

A nova Rússia, que havia surgido a partir do que restou da antiga União, só tinha um cosmonauta disponível para substituir Artsebarsky, e não era possível enviar um novo integrante à Mir. Assim, Krikalev soube que teria que permanecer por um período indefinido.

No meio de toda essa situação complicada, Krikalev acabou se tornando conhecido como 'o último cidadão soviético'. Em suas palavras, ele disse: "Para nós foi algo inesperado, não entendíamos o que estava acontecendo", como relatou no documentário 'O último cidadão soviético', produzido pela BBC.

Durante seu tempo na Mir, ele foi acompanhado pelo cosmonauta Alexander Volkov, que substituiu Artsebarsky. Com a longa permanência na estação, Krikalev enfrentou diversos riscos, incluindo a alteração no sistema imunológico, perda de massa muscular e óssea, além de desafios psicológicos e emocionais.

Em 25 de dezembro de 1991, a renúncia do presidente Mikhail Gorbatchov significou oficialmente a dissolução da União Soviética. Krikalev, por sua vez, tornou-se um cidadão russo e sua cidade natal, Leningrado, recuperou o nome de São Petersburgo, utilizado até 1914.

A comunicação entre Krikalev e sua esposa, Elena Terekhina, era feita via rádio. Elena tentava evitar assuntos desagradáveis: "Estava tentando não falar com ele sobre coisas desagradáveis e acho que ele estava tentando fazer o mesmo", comentou sobre o período em que viveram essa experiência.

Nascido em 1958 e formado em engenharia mecânica, Krikalev já havia passado por uma missão na Mir em 1988. Ele permaneceu no espaço por um total de 312 dias, realizaram cerca de cinco mil órbitas ao redor da Terra.

O retorno de Krikalev e Volkov à Terra ocorreu em 25 de março de 1992. Ao descer da espaçonave, Krikalev precisou da ajuda de quatro homens para conseguir ficar de pé, evidenciando os efeitos da longa permanência no espaço.

A estação Mir, que durante 15 anos simbolizou a força da União Soviética na exploração espacial, encerrou suas operações em 1992. Posteriormente, em 2000, Krikalev fez parte da primeira tripulação da Estação Espacial Internacional (ISS). Atualmente, ele ocupa o cargo de diretor de missões tripuladas da Roscosmos, a agência espacial russa.

Tags: Espaço, História, Cosmonauta, União Soviética, Ciencia Fonte: www.terra.com.br