O K2, localizado entre o Paquistão e a China na imponente cordilheira de Karakoram, é reconhecido como uma das montanhas mais desafiadoras do mundo, além de ser a segunda mais alta, com 8.611 metros. Também conhecido como "montanha selvagem", o K2 atrai alpinistas em busca de adrenalina e conquistas extremas.
No podcast Peak Danger, conduzido pela apresentadora e historiadora Natalia Mehlman Petrzela, é narrada a angustiante história de Cecilie Skog e Rolf Bae, um casal de recém-casados que enfrentou o K2 em 2008, participando de uma ascensão marcada por uma tragédia que resultou na morte de 11 alpinistas em um curto espaço de tempo. Cecilie, que cresceu cercada por montanhas em Ålesund, Noruega, teve sempre uma conexão especial com essas formações majestosas. Ela descreve sua paixão pela escalada como "viciante".
Ela compartilha no podcast: "Eu cresci em Ålesund, uma pequena cidade na costa oeste da Noruega... Eles deveriam colocar nessas montanhas uma espécie de sinal de alerta: 'Isso é muito viciante'." Com o alpinismo como parte de suas vidas, o casal decidiu que a lua de mel seria o momento ideal para tentar escalar o K2. Iniciando sua aventura na geleira Baltoro, eles se depararam com uma paisagem inigualável, repleta de picos que ultrapassam 7.900 metros de altura. Contudo, a beleza do local era acompanhada por riscos significativos, como altas altitudes e caminhos traiçoeiros.
Petrzela ressalta que escalar o K2 requer preparação extrema: "Se você vai enfrentar o K2, precisa estar no auge em termos de performance. É por isso que ele é conhecido como 'a montanha do montanhista'." Apesar da consciência dos perigos, Cecilie enfatiza que o mais importante não é alcançar o cume, mas sim conseguir voltar para casa vivo.
Ao chegarem ao K2, Skog e Bae se juntaram a aproximadamente 30 alpinistas de diversas partes do mundo, todos com experiência nas dificuldades das montanhas. O grupo enfrentava riscos comuns, como avalanches e quedas de pedras, mas um memorial no início da trilha, dedicado a alpinistas que perderam a vida na montanha, destacou o perigo real da escalada.
"Quando você chega, vê uma enorme pilha de pedras marrons... adornada com bandeiras e fotos de alpinistas mortos", descreve Petrzela. Apesar do memorial ser um lembrete forte, nada parecia desencorajar os escaladores. A falta de regulamentação em montanhismo gera preocupações sobre a segurança das expedições: "Não existe um regulamento para escalar montanhas. Seja pelo preço certo, você pode comprar sua entrada para as encostas de um pico de 8.000 metros", afirma a historiadora.
O grupo de alpinistas enfrentou adversidades, e Skog chegou a considerar desistir, mas a intensidade da escalada e a visão do cume tornavam difícil voltar atrás: "Achei que deveríamos dar meia-volta... mas estávamos tão perto". Essa pressão psicológica se intensifica conforme se aproxima do topo, como explica Petrzela: "É como uma força que te puxa cada vez mais montanha acima".
No que ficaria conhecido como o desastre do K2 de 2008, uma avalanche devastadora arrastou equipamentos e vidas, causando a morte de 11 alpinistas, incluindo Rolf Bae. Os sobreviventes enfrentaram consequências físicas e emocionais severas, descritas como "em estado de choque, como um soldado voltando da guerra". Após esta tragédia, os nomes dos alpinistas foram adicionados aos vários memoriais ao redor do acampamento base. Reportagens descreveram o incidente como "uma das piores tragédias da história do Himalaia".
Apesar do luto e da dor, Cecilie continuou a escalar, buscando sentir a mesma paixão que tinha compartilhado com Rolf, e até completou uma travessia pela Antártida. No entanto, ao retornar ao Himalaia, ela percebeu uma mudança em sua perspectiva: "Não tive a mesma sensação ao estar lá. Senti que aquilo não me pertencia mais". Sua experiência reflete a complexidade do alpinismo, onde os riscos e as recompensas estão indissociavelmente entrelaçados.
Este relato foi parcialmente adaptado de um roteiro de Natalia Mehlman Petrzela e Leigh Meyer, destacando as emoções e aventuras enfrentadas por aqueles que desbravam as montanhas mais extremas do planeta.