Servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizaram um ato e decretaram greve de 24 horas em protesto contra a criação da Fundação de Direito Privado IBGE+, que se tornou o centro das insatisfações no Rio de Janeiro.
Parlamentares ouvidos pela CNN apresentam divergências sobre o impasse entre os servidores e a atual gestão do IBGE, que já enfrentou a troca de quatro diretores. Queixas relacionadas ao orçamento da instituição e a contratação de trabalhadores temporários foram levantadas. Uma carta, que circulou entre os servidores do Instituto em setembro do ano passado, destacou a IBGE+ como a principal causa do descontentamento.
Esse documento criticava a fundação, afirmando tratar-se de “uma entidade de apoio de direito privado, implementada sem qualquer diálogo com os trabalhadores”. Em 29 de janeiro, o Ministério do Planejamento e Orçamento e o IBGE publicaram uma nota informando a suspensão temporária da criação da fundação, decisão que foi tomada em comum acordo, segundo comunicado.
Embora a suspensão atenda uma das principais reivindicações dos servidores, o senador Rogério Marinho (PL-RN) expressou esperança de que o Tribunal de Contas da União (TCU) recomende o afastamento de Marcio Pochmann da presidência do IBGE. Ele já havia enviado um pedido ao TCU na terça-feira (28). “Nós aguardamos confiando que o Tribunal de Contas tome a medida mais adequada e recomende o afastamento ao governo do senhor Pochmann até que possamos restabelecer a normalidade desse órgão”, disse Marinho.
O senador também mencionou que Pochmann é “muito próximo à máquina política do PT” e que sua gestão sempre gerou preocupação. “Mas a forma como ele tem se comportado, especialmente em relação ao corpo funcional, mostra o risco de termos uma instituição dessa porte aparelhada politicamente”, afirmou.
Por outro lado, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) defendeu a criação da fundação e ressaltou a importância de inovações no IBGE. “A atitude do presidente de criar essa fundação era uma iniciativa boa para o IBGE. O IBGE precisa de mais recursos, por exemplo, para realizar o Censo Agropecuário, que é um censo muito caro, mas necessário,” defendeu Zarattini. Ele argumentou que a fundação poderia ajudar o IBGE a receber recursos do agronegócio e, assim, melhorar as condições de trabalho e salário dos funcionários, aumentando a produtividade do Instituto.
Ainda em 29 de janeiro, o presidente do IBGE declarou que as críticas à sua gestão são esperadas em um regime democrático. “Há questionamentos e resistência que são normais numa gestão democrática. Diante do subfinanciamento, é necessário tomar decisões,” comentou o mandatário em um evento de lançamento do plano de trabalho do IBGE.