O DeepSeek, inteligência artificial (IA) chinesa que ganhou destaque no noticiário nos últimos dias, armazena os dados dos usuários na China e os retém por tempo indeterminado. É o que informa a política de privacidade da startup.
Os dados são armazenados nas variadas formas que o usuário utiliza o aplicativo, como em comandos básicos e upload de arquivos. A coleta é feita não só quando dados são compartilhados diretamente com a empresa, mas também por outras fontes, como anunciantes. Os dados inseridos no cadastro na plataforma, como telefone e e-mail, também são armazenados no DeepSeek.
No dia 18/01, Karoline Leavitt, secretaria de imprensa da Casa Branca, afirmou que o governo dos Estados Unidos está analisando de que forma o DeepSeek pode afetar a segurança nacional. O surgimento da plataforma acontece em momento que empresas de tecnologia da China, como a rede social TikTok, têm sido acusadas de representarem ameaça aos EUA.
O lançamento do DeepSeek provocou um reboliço no mercado financeiro internacional no dia 27/01. A chegada da nova IA causou perdas de cerca de US$ 1 trilhão no valor de mercado de empresas de tecnologia nos EUA e Europa.
O app da DeepSeek superou o ChatGPT em downloads na App Store, tornando-se também o aplicativo gratuito mais bem avaliado nos EUA.
O modelo chamou atenção por ser uma alternativa mais barata e eficiente, levando investidores a questionarem a viabilidade dos altos gastos no setor por gigantes como Microsoft, Meta e Alphabet.
A chegada da nova IA também coloca em xeque a hegemonia ocidental no ramo da inteligência artificial.
O maior prejuízo foi registrado pela Nvidia, que chegou a perder US$ 620 bilhões em valor de mercado — a maior perda diária de sua história —, encerrando o pregão com uma queda de 16,9%, o equivalente a US$ 589 bilhões.
"Os investidores estão desconcertados com esta nova reviravolta dos acontecimentos e pelo [temor] de que as empresas norte-americanas especializadas em IA percam influência", explicou Sam Stovall, da consultoria financeira CFRA.
A startup chinesa ganhou destaque global ao revelar que o treinamento de seu modelo DeepSeek-V3 custou menos de US$ 6 milhões (cerca de R$ 35 milhões) usando chips Nvidia H800.
Para se ter uma ideia, só em 2025 a Meta planeja gastar US$ 65 bilhões (aproximadamente R$ 383 bilhões) no setor.
Essa afirmação desafiou a percepção de domínio dos EUA em inteligência artificial e colocou em dúvida a eficácia das restrições de exportação de chips avançados impostas por Washington desde 2021.
Segundo informações do "The New York Times", os engenheiros da DeepSeek teriam precisado de apenas 2 mil chips para realizar a mesma tarefa que em outros modelos necessita de 16 mil chips.
O sucesso do DeepSeek despertou o interesse de executivos e engenheiros do Vale do Silício, que consideraram seus modelos comparáveis aos da OpenAI e Meta.
No entanto, alguns analistas da gestora Bernstein manifestaram ceticismo quanto aos custos alegados pela empresa chinesa.
Adam Sarhan, CEO da 50 Park Investments, alertou que se a DeepSeek realmente desestabilizar o mercado, haverá uma reavaliação das ações de empresas de IA e do setor tecnológico como um todo.
O novo rival do ChatGPT foi lançado para o público geral no dia 20 de janeiro, dia da posse de Donald Trump, e está disponível no Brasil.
A ascensão da startup foi comparada ao "momento Sputnik" pelo investidor Marc Andreessen, em referência ao marco da corrida espacial entre a antiga União Soviética e os Estados Unidos.
"O que nós descobrimos é que o DeepSeek tem melhor desempenho, ou pelo menos igual, aos melhores modelos americanos", destacou Alexandr Wang, da Scale AI, empresa que fornece treinamento para gigantes como OpenAI, Google e Meta.
Após tomar posse, um dos primeiros atos de Donald Trump foi revogar padrões de segurança em IA estabelecidos por Joe Biden e anunciar o chamado projeto "Stargate".
O projeto envolve um investimento privado de até US$ 500 bilhões para infraestrutura em IA no Texas, considerado o maior da história no setor.