O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva para expandir um centro de detenção na Base Naval de Guantánamo. A intenção é manter até 30 mil imigrantes considerados "criminosos de alta prioridade".
Durante um evento na Casa Branca, Trump anunciou que o novo espaço será destinado a imigrantes sem documentos que, segundo ele, representam uma ameaça à sociedade. Essa ação ocorre logo após a assinatura de sua primeira legislação em seu segundo mandato, a lei Laken Riley, que facilitará a prisão e deportação de imigrantes sem documentos acusados de delitos menores.
A base de Guantánamo, que está sob arrendamento dos Estados Unidos desde 1903, foi palco de diversas crise migratórias no passado, incluindo a conhecida crise dos balseiros cubanos de 1994 e a detenção de acusados de terrorismo após os ataques de 11 de setembro de 2001.
Trump afirmou: "Temos 30 mil camas em Guantánamo para deter os piores criminosos estrangeiros ilegais que ameaçam os americanos". Ele também enfatizou que alguns imigrantes são tão perigosos que os Estados Unidos não confiam em seus países de origem para detê-los.
O presidente ordenou aos secretários de Defesa e Segurança Interna que tomassem "todas as medidas apropriadas" para expandir o Centro de Operações Migratórias em Guantánamo. Ele argumentou que isso aumentaria o espaço de detenção para incluir "estrangeiros criminosos de alta prioridade" e ressaltou: "É um lugar difícil de sair".
Tom Homan, o novo "czar da fronteira", garantiu que o centro de detenção só abrigaria "o pior dos piores". Entretanto, não está claro quando essa expansão será finalizada ou qual será o custo da operação.
O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, chamou as ações de Trump de "ato de brutalidade", criticando o encarceramento de migrantes em uma base que considera uma "ocupação ilegal". Ele publicou nas redes sociais: "Novo governo dos EUA anuncia o encarceramento na Base Naval de Guantánamo, situada em território cubano ocupado ilegalmente, de milhares de migrantes que expulsa à força".
Bruno Rodríguez, ministro das Relações Exteriores de Cuba, também se manifestou, reiterando que o anúncio "despreza a condição humana e o direito internacional" e lembrou que a base de Guantánamo está em território cubano ilegalmente ocupado.
Segundo análises de especialistas, esses posicionamentos de Cuba podem não gerar grande preocupação para o governo de Trump, que tem novos membros como o ex-senador Marco Rubio no Departamento de Estado. A movimentação de tropas em Guantánamo, embora critique a tensão com Havana, é vista como uma decisão consciente do governo atual.
A Base Naval da Baía de Guantánamo, localizada em uma área de 117 km² em Cuba, teve sua jurisdição sob os EUA desde 1903, após a Guerra Hispano-Americana. Desde a Revolução Cubana em 1959, a presença militar norte-americana tem sido motivo de tensão com o governo cubano, que exige a devolução do território, alegando que o acordo de arrendamento é inválido por ter sido feito sob coerção.
A utilização deste espaço, que originalmente servia como porto e centro logístico, passou por transformações ao longo do tempo. Na década de 1990, Guantánamo virou centro de detenção para migrantes haitianos e cubanos interceptados no mar, que frequentemente viviam em condições desumanas. A situação se agravou a partir de 2002, quando a base se tornou sinônimo de controvérsias relacionadas a direitos humanos, sendo utilizada para a detenção de prisioneiros acusados de terrorismo.
Criticas surgiram diante da possibilidade de tortura e tratamento degradante sofrido por detentos, gerando repercussões em fóruns internacionais.