O asteroide Bennu contém os ingredientes básicos da vida como conhecemos, como minerais e aminoácidos, moléculas que são os componentes mais fundamentais do DNA. A descoberta foi anunciada pela NASA em uma conferência na quarta (29) e é resultado das análises das amostras da rocha espacial coletadas pela missão OSIRIS-REx, da NASA.
Existem 20 aminoácidos que formam as proteínas necessárias para a vida como conhecemos em nosso planeta, e 14 delas foram encontradas no Bennu. Segundo os cientistas do estudo, há alta concentração de amônia e cinco nucleotídeos usados pelos seres vivos para transmitir as instruções genéticas no interior do DNA e RNA.
"As descobertas não mostram evidências da vida em si, mas sugerem que as condições necessárias para a emergência da vida provavelmente estavam espalhadas pelo Sistema Solar primordial", comentou Nicky Fox, administrador associado da NASA na conferência sobre as descobertas. "Claro, isso aumenta as chances de a vida ter se formado em outros planetas", acrescentou.
Ainda, os cientistas descobriram que o asteroide contém grande quantidade de minerais e sais, o que sugere que o Bennu já teve água. Alguns compostos já foram identificados em rochas espaciais que caíram na Terra, mas outros, não. "Ele está cheio desses minerais que não vimos antes em meteoritos, e a combinação deles que não vimos antes. Tem sido muito interessante estudar", disse Sara Russell, do Museu de História Natural de Londres, à BBC.
Os resultados levaram os cientistas a se perguntarem: se o Bennu teve os ingredientes necessários para a vida como conhecemos, por que a vida não se formou nele? "Estudar o Bennu como um exemplo de um lugar que tinha tudo que precisava, mas não criou a vida — então por que a Terra era especial?", sugeriu Jason Dworkin, cientista de projeto da OSIRIS-REx.
No entanto, vale lembrar que alguns dos 20 aminoácidos necessários para a vida já tinham sido encontrados nas amostras do asteroide Ryugu, coletadas pela agência espacial japonesa JAXA. "O que acontece é que, agora, temos maior confiança de que os materiais orgânicos que vimos nessas amostras são extraterrestres, e não contaminação," disse Danny Glavin, cientista sênior da NASA. "Podemos confiar nestes resultados."
Para Tim McCoy, curador da coleção de meteoritos no museu e coautor de um dos estudos, as amostras do Bennu vão render inúmeras pesquisas pelas próximas décadas, o que já mostra a importância do legado científico da OSIRIS-REx. "Esse é o tipo de descoberta que você espera fazer em uma missão," disse ele. "Encontramos algo que não esperávamos, e essa é a melhor recompensa para qualquer tipo de exploração."
O artigo com os resultados do estudo foi publicado nas revistas Nature e Nature Astronomy.