Recentemente, os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Colômbia, Gustavo Petro, se envolveram em uma troca de declarações que elevou as tensões entre os dois países. Petro declarou que não aceitaria voos com deportados se seus direitos básicos não fossem respeitados, enquanto Trump ameaçou impor tarifas sobre a Colômbia. Em resposta, Petro se viu obrigado a aceitar os aviões que transportavam os deportados colombianos.
No contexto atual, especialistas alertam que as ameaças de Trump têm se mostrado eficazes. Após o acordo, foi cancelada a cúpula urgente da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) que discutiria a crise entre Colômbia e EUA causada pelas deportações promovidas pelo governo Trump.
O diretor do Centro de Globalização do Instituto para Economia Mundial (IfW), Holger Görg, comentou que a Colômbia, sendo muito dependente dos Estados Unidos como parceiro comercial, enfrenta um grande risco se as tarifas forem realmente impostas. Afinal, mais de um quarto do comércio internacional colombiano é feito com os EUA, enquanto a Colômbia não está entre os 20 maiores parceiros comerciais de Washington. Görg destacou que as tarifas teriam um impacto significativo na economia colombiana, mas não o mesmo efeito reverso.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) proíbe, em condições normais, a imposição de tarifas discriminatórias entre membros, exceto em situações excepcionais envolvendo desequilíbrios econômicos temporários ou questões de segurança nacional. Apesar das declarações exageradas de Trump, Görg acredita que as tarifas seriam contra as normas da OMC.
Embora os analistas reconheçam que até o momento não houve violação das regras comerciais internacionais, eles também afirmam que as ameaças podem ser problemáticas. Trump percebeu que sua abordagem agressiva nas redes sociais pode forçar reações rápidas, como o recuo da Colômbia. Outra preocupação levantada é como outros países, como a China, poderiam usar essa mesma estratégia.
O potencial uso de tarifas pelo presidente dos EUA contra o México, que é um importante parceiro comercial, gera mais preocupação. Com um déficit comercial americano de 150 bilhões de dólares com o México em 2023, tarifas sobre produtos mexicanos poderiam impactar significativamente a economia dos EUA e potencialmente elevar a inflação.
Enrique Dussel Peters, da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), diz que as ações de Trump representam uma reestruturação das relações comerciais que vivemos desde 1944, priorizando a segurança nacional em relação ao livre comércio. Ele observa ainda que o impacto das deportações sobre a economia americana não pode ser ignorado.
Enquanto os especialistas se mostram preocupados com a escalada das tensões comerciais, também há um chamado à prudência, ressaltando que tarifas não são do interesse dos EUA e que a resposta dos países afetados deve ser cuidadosamente avaliada.